Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

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Ruy Castro
Descrição de chapéu

Cuspindo no prato

Michael Caine também não quer trabalhar com Woody Allen

Michael Caine em premiação em Munique, na Alemanha; em entrevista ao jornal The Guardian, ator afirmou que não trabalharia novamente com Woody Allen
Michael Caine em premiação em Munique, na Alemanha; em entrevista ao jornal The Guardian, ator afirmou que não trabalharia novamente com Woody Allen - Tobias Hase - 1°.jul.2013/AFP

Michael Caine, ator inglês premiado com o Oscar de melhor coadjuvante pelo filme “Hannah e Suas Irmãs”, de Woody Allen, em 1987, declarou ao jornal britânico The Guardian que não voltará a trabalhar com Allen em função da acusação de Dylan Farrow, filha adotiva de Woody, de que este a teria molestado em 1993. Embora Caine tenha trabalhado com Allen seis anos antes do suposto fato, ele achou necessário justificar-se por ter filmado com um futuro pedófilo, alegando sua “inocência” a respeito do verdadeiro Woody. Sim, ele é brilhante assim.

Caine é o segundo ator premiado num filme de Woody Allen a cuspir no prato em que comeu. A primeira foi Mira Sorvino, também Oscar de atriz coadjuvante por “Poderosa Afrodite”, em 1996. No seu caso, Mira filmou com Woody três anos depois do escândalo envolvendo a separação entre ele e Mia Farrow e a denúncia, então apenas desta, de que Woody teria molestado Dylan. Mira, portanto, sabia com quem estava lidando. Mas, como era sua grande oportunidade numa carreira até então opaca, preferiu ignorar a história. Valeu a pena —porque sua decisão lhe rendeu um Oscar.

Vamos aguardar agora que Diane Keaton (“Annie Hall”, em 1978), Diane Wiest (“Hannah e suas Irmãs”, em 1987, e “Tiros na Broadway”, em 1995), Penélope Cruz (“Vicky Cristina Barcelona”, em 2009) e Cate Blanchett (“Blue Jasmine”, em 2014), todas, idem, premiadas em filmes de Woody, também se voltem contra ele. Mas duvido que isso aconteça.

Woody Allen pode ser banido do cinema, não porque ninguém mais queira trabalhar com ele —sempre haverá quem queira—, mas por não encontrar quem o financie. Quem bancará um filme que será massacrado a priori e talvez atraia piquetes na bilheteria?

Imagine se um dia provarem que Woody realmente molestou Dylan.

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