Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Ruy Castro

Vá ao sebo

De muitos deles, conheço os funcionários, sou íntimo de seus gatos e até trato os ácaros pelo nome

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Em coluna recente ("A irrelevância ao alcance de todos", 29/1), falei de livros típicos dos anos 60, como tratados "eruditos" sobre temas irrelevantes e vice-versa. E citei, entre outros, "A Ignorância ao Alcance de Todos", de Nestor de Hollanda, e "Tratado Geral dos Chatos", de Guilherme Figueiredo. Leitores perguntaram em que sebo procurá-los e alguém falou na Estante Virtual, o portal de comércio eletrônico com o acervo dos sebos do Brasil. Através dele, e por uma comissão, pode-se de fato achar qualquer livro —qualquer livro que exista num sebo, claro.

Uso muito a Estante Virtual para saber se tal ou qual livro existe e onde posso encontrá-lo. Encontrado o livro, prefiro lidar direto com o sebo, visitando-o para escarafunchar estantes, revirar pilhas e descobrir outros livros de que nem desconfiava. Já cansei de dizer que, quando morrer, não quero ir para o céu, quero ir para um sebo. É onde passei grande parte da vida. Deles saíram pelo menos metade dos livros que tenho em casa —a melhor metade.

Livros de vários gêneros encontrados por Ruy Castro em visitas pessoais aos sebos
Livros de vários gêneros encontrados por Ruy Castro em visitas pessoais aos sebos - Heloisa Seixas

No Rio, vou ao Mar de Histórias, em Copacabana; ao Berinjela, na avenida Rio Branco; à Academia do Saber, na avenida Passos; ao Letra Viva, na rua Luís de Camões; ao Elizart, na rua Marechal Floriano; ao Lima Barreto, em Ipanema; e a muitos outros. Sou amigo de seus funcionários, íntimo de seus gatos e, em alguns, até trato os ácaros pelo nome.

Em São Paulo, vou ao Buquineiro, ao Virtual Incunábulo e ao Brandão. Em Curitiba, ao Fígaro. Em Belo Horizonte, ao Crisálida. Em Porto Alegre, ao Avenida. E por aí vai.

Outro dia, tive uma grande experiência. Com Marcelo Dunlop e Luis Antonio Simas, participei da reabertura do Belle Époque, um sebo no Méier que foi devorado por um incêndio em 2022. A foto das chamas saindo pela porta era chocante. Mas seu proprietário Ivan Costa, com a ajuda dos amigos, o trouxe de volta. Os sebos fecham, mas não morrem.

À esq. a fachada da livraria Belle Époque durante o incêndio que destruiu a loja; à dir, interior da loja após 6 meses de restauração
À esq. a fachada da livraria Belle Époque durante o incêndio que destruiu a loja; à dir, interior da loja após 6 meses de restauração - livrariabelleepoque no Instagram
A imagem colorida mostra estantes de livros na frente de uma livraria
Fachada da livraria Belle Époque, que foi destruída por um incêndio - Divulgação

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.