Sandro Macedo

Formado em jornalismo, começou a escrever na Folha em 2001. Passou por diversas editorias no jornal e atualmente assina o blog Copo Cheio, sobre o cenário cervejeiro, e uma coluna em Esporte

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Sylvinho, de Tonho da Lua a estrategista

Torcida que queria a cabeça do técnico do Corinthians agora grita seu nome

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Uma vitória no clássico contra o principal rival com quebra de tabu a tiracolo. Um empate contra um dos melhores times do Campeonato Brasileiro com direito a dois gols nos minutos finais. Uma vitória de virada no reencontro com a torcida do Corinthians em seu estádio. Pronto, Sylvinho finalmente ganhou paz e já é chamado de estrategista.

Porém, poucas semanas antes desses três resultados (contra Palmeiras, Bragantino e Bahia) o ex-assistente de Tite era tratado por outra alcunha: Tonho da Lua, referência ao personagem com problemas mentais de Marcos Frota na novela “Mulheres de Areia” (Globo), aquele que fazia a gentileza de lembrar ao espectador que “a Rutinha é a boa e a Raquel é a má”.

O apelido, maldoso, apareceu depois de uma preleção do técnico para os seus comandados, no vestiário, antes de um dos seus primeiros jogos. Entre gritos e sussurros com olhos arregalados, Sylvinho tentava motivar e dar recadinhos táticos do coração aos atletas. Uma performance que Marcos Frota provavelmente aplaudiria.

Sylvinho tem cada vez mais assumido um estilo meio titês - Carla Carniel - 24.jun.21/Reuters

Até o apresentador-comentarista-ex-jogador Neto passou a usar a alcunha ocasionalmente em seus programas na Band na hora de criticá-lo. Mas o ex-camisa 10 do Corinthians fez seu mea-culpa. “Critiquei o Sylvinho, arrebentei com ele nos primeiros jogos. O time tá certinho... Não era para estar perdendo por 2 a 0 pro Bragantino, era para estar ganhando. Com o jeito todo maluco do Sylvinho, meio Tonho da Lua, o time foi pra dentro.”

Nas entrevistas pós-jogo, o técnico tem também cada vez mais assumido um estilo meio titês, para alegria dos corintianos nostálgicos pelo técnico campeão da Libertadores e do Mundial no início do século.

Titês, para quem não lembra, é aquele vocabulário gostoso que o professor Tite usa para explicar algumas atuações de seu time de um jeito que provavelmente nenhum jogador consegue entender –a não ser Ryan Fitzpatrick, o quarterback barbudo que estudou em Harvard, mas aí é outro esporte. Enfim, com Tite, time não joga, “performa”, não tem atacante driblador (o antigo ponta), tem “extremo desequilibrante” –Neymar é um extremo desequilibrante.

Sylvinho não chega a esse nível de complexidade, mas já dá suas estocadas desequilibrantes. Sobre Jô, já falou que o atacante está “oxigenando o meio de campo”. No empate contra o Juventude, salientou que “o time nos dificultou muito transitar no campo deles”, principalmente porque “dobraram a marcação nos nossos externos”.

No mesmo jogo disse sobre Róger Guedes que “imaginávamos que ele pudesse descoordenar alguns movimentos a partir dos 70 minutos”. Também explicou que Luan joga “entre as linhas de flutuação”.

Agora, após a vitória de virada diante do Bahia, fez questão de lembrar que “temos atletas jovens que estão maturando e sendo oportunizados” –oportunizar é um “verbo” (que não existe) comum também no mercado de criptomoedas.

Mas não importa neste momento o que Sylvinho diz ou se os jogadores o entendem. Importam os resultados, e eles estão aí. O time é forte candidato a uma das 47 vagas de brasileiros na Libertadores. A torcida que queria a cabeça de “Tonho da Lua” agora grita o seu nome... e no estádio. Nada que não possa mudar de novo em um ou dois jogos. Afinal opinião de torcedor varia mais rápido do que a maré, que é influenciada pela Lua de Tonho.

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