Sílvia Corrêa

É jornalista e médica veterinária, com mestrado e residência pela Universidade de São Paulo.

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Sílvia Corrêa

Clínicas veterinárias e pet shops devem exibir cartazes que incentivem a adoção

Medida tenta reduzir a população de animais de rua, mas ainda não é o suficiente

Adoção. Ilustração para a coluna Bichos, de Sílvia Corrêa, para a revista sãopaulo
Rodrigo Fortes

Os passos têm sido lentos. Em 2007, uma lei passou a exigir a castração de animais colocados à venda na cidade de São Paulo. Agora, 11 anos depois, outra lei acaba de exigir que pet shops e clínicas veterinárias –dessa vez, em todo o Estado– passem a exibir cartazes que incentivem a adoção de cães e gatos.

Os movimentos tentam reduzir o número de animais de rua e são, claro, bem-vindos. O problema é que eles acontecem com intervalos de décadas e são insuficientes.

Não há estimativas oficiais sobre o número de cães e gatos abandonados. O último dado é de 2014! Naquele ano, a Organização Mundial da Saúde estimou em 30 milhões deles nas ruas do Brasil.

São animais que têm basicamente duas origens: nasceram nas ruas e nelas seguem se reproduzindo ou um dia tiveram casa, de onde fugiram ou foram abandonados.

Reverter esse cenário, passa, portanto, necessariamente por campanhas de castração em massa (de animais de rua e domiciliados), além da chipagem obrigatória daqueles que já têm um responsável.

Não é possível avaliar o quanto castrar os animais de raça vendidos na capital paulista ajudou a reduzir a população de rua, porque não há estudos sobre isso (por si, outro problema). Mas é sabido que nem de longe a questão se tornou menos grave na última década, depois que a lei entrou em vigor.

Isso porque muitos cães são comprados na região metropolitana, no interior e em outros Estados sem terem sido castrados e acabam, por fuga ou abandono, alimentando o círculo vicioso da superpopulação de rua de São Paulo.

É louvável que pet shops e clínicas tenham agora que exibir cartazes que incentivem a adoção, com nome e telefone de uma ONG. Trata-se, inclusive, de uma medida de responsabilidade social, que quem trabalha nesse setor deveria tomar mesmo sem ser obrigado por lei.

Ocorre, porém, que a regra pode, na melhor das hipóteses, aumentar o fluxo de saída dos animais dos abrigos, enquanto o poder público deveria, de fato, adotar medidas para a redução da população de entrada nesses locais, o que só vai acontecer com políticas consistentes de esterilização e de guarda responsável.

 

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