Você pode até não gostar de gatos nem de novelas, mas provavelmente, ao longo das últimas semanas, ouviu falar de León, o gato preto que vira homem e rouba a cena no folhetim das nove da TV Globo.
O autor, Aguinaldo Silva, tem dito que a cor do felino foi escolhida de forma proposital, exatamente para combater a superstição segundo a qual o gato preto tem pacto com forças demoníacas e dá azar.
Essa é uma das muitas distorcidas ideias que ganharam força na Idade Média. Considerados divindades pelos povos da Antiguidade, os gatos (especialmente os pretos) passaram a ser associadas às trevas e à magia negra, o que, somado aos hábitos noturnos da espécie, fez muita gente acreditar que eles tinham relações com seres do mal.
Em 1232, o papa Gregório 9° levou o besteirol ao extremo, ao incluir os gatos (especialmente os pretos) na lista dos seres hereges, condenando muitos deles a queimar na fogueira da Santa Inquisição. Foi o auge da perseguição a esses animais, que durou séculos.
A loucura coletiva propagada pela Inquisição custou caro: a redução da população felina foi um dos fatores que ajudaram na proliferação dos roedores e, indiretamente, na disseminação da peste negra pela Europa.
Ainda assim, só em 1630, na França, o rei Luís 13 proibiu formalmente a perseguição aos gatos pretos, em uma tentativa de pôr fim a séculos de maus-tratos.
Ainda hoje, no entanto, muitas ONGs impedem a adoção de gatos pretos nos dias que antecedem as sextas-feiras 13 por medo que os bichanos acabem sacrificados em rituais.
Se León, o da novela, servir para reduzir episódios como esses, toda essa conversa já terá valido a pena.
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