Tayguara Ribeiro

Na Folha desde 2019, é repórter de Política. Já trabalhou em Economia e no jornal Agora. Antes, cobriu futebol da série A3 do Paulista à Copa do Mundo de 2014.

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Tayguara Ribeiro
Descrição de chapéu Copa do Mundo 2022

Título de Messi faria bem ao futebol

Argentino é um dos maiores jogadores da história e assombrou repetidamente com sua genialidade, inclusive na Copa do Qatar

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Estranhei, em um primeiro momento, ao perceber muitos brasileiros torcendo pela Argentina na semifinal. Com a chegada da grande decisão deste domingo (18), a torcida por uma vitória dos vizinhos parece ter aumentado ainda mais.

Esse estranhamento ocorreu a partir da ideia de que os argentinos são nossos arquirrivais no futebol. Seja na Libertadores, na Copa América ou no amistoso. Convencionou-se dizer que existe um gosto especial em vencê-los.

Não sei, confesso, qual a origem dessa rivalidade. Se nasceu depois de muitos confrontos nos torneios de clubes e seleções. Talvez tenha relação com a proximidade geográfica entre os dois países. Se existem questões históricas ou sociais. Isso tudo, de repente.

Lionel Messi durante partida entre Argentina e Croácia na Copa do Qatar - Xinhua/Xu Zijian

Bem, é uma final contra a França, seleção carrasca do Brasil. Já bateu a seleção brasileira três vezes no Mundial, incluindo a final de 1998. Pode estar aí uma explicação para a torcida para o rival local.

Pode ser uma birra com seleções europeias de forma geral. O que teria despertado um "bairrismo". Por isso, comemorações efusivas após gols ou jogadas de Lionel Messi.

É, tem o Messi. O argentino é um dos maiores jogadores da história do esporte. Ele assombrou os apaixonados por futebol repetidamente com sua genialidade, inclusive na Copa do Qatar.

Muitas vezes escolhido melhor jogador do mundo, inúmeros títulos com o Barcelona, jogadas, gols, enfim... Desnecessário enumerar os feitos da carreira de Lionel.

Mas nos torneios de seleções parecia que a coisa não engrenava. Até que ele ganhou a Copa América, recente. Chorou.

Foram cinco Copas nas quais ele participou. No Brasil, em 2014, Messi jogou muito bem, e a Argentina foi vice-campeã.

Em 2022, Messi teve atuações de Messi. Comandou uma seleção a beira de um desastre (após a derrota para a Arábia Saudita) e transformou a equipe em uma finalista de Copa. E ele foi brilhante quando precisou ser.

Ele tem cinco gols no torneio e três assistências. Além dos números frios é possível perceber como silenciosamente Messi comanda seus companheiros em campo. Eles o procuram, ou com a bola, ou com o olhar.

Tem uma coisa engraçada sobre o Messi: é dificílimo conseguir entender para que lado ele vai durante uma jogada. Ele é imprevisível, não cria um padrão. Para nós é engraçada, mas aposto que os zagueiros não concordariam com essa palavra.

A impressão que tenho ao vê-lo jogar é que se Lionel Messi acorda com vontade de jogar, não há o que se possa fazer para pará-lo.

Exageros a parte, seria bastante injusto, pela carreira que construiu e pelo bem que fez ao futebol com a sua arte, que Messi se despedisse de sua provável última Copa do Mundo sem um título.

Sim, muitos outros gênios da bola não conquistaram um Mundial de futebol. Fato. Mas estamos diante de um craque contemporâneo. E ele diante de uma final de Copa. Talvez aí uma das razões do porque alguns brasileiros torcem pela Argentina. Futebol arte, mesmo que seja de um rival.

Não estou defendendo que se deva torcer pelos argentinos.

Mas digo que faria bem para o futebol que o esporte mais popular do planeta parasse de cometer injustiças e de produzir gênios sem Copa.

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