Tom Farias

Jornalista e escritor, é autor de "Carolina, uma Biografia" e do romance "Toda Fúria"

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'Os Lusíadas', de Camões, resgata a glória nos 500 anos de seu nascimento

Obra do vale lusitano é editada sob luxuosa organização de Alexei Bueno

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Tom Farias

Jornalista e escritor, é autor de "Carolina, uma Biografia" e do romance "Toda Fúria"

Este é o ano do quinto centenário do nascimento do poeta português Luís de Camões, nascido em 1524. Jamais imaginei, na minha vida, que estaria hoje, na cidade de Coimbra –cumpro duas semanas de residência literária camoniana, a convite da Casa da Cidadania da Língua e da Cidade de Coimbra–, para os festejos de tão importante efeméride.

Os Lusíadas, de Luís de Camões, nascido 500 anos atrás, em 1524. - Jefferson Coppola/Folhapress

Vim a Portugal para finalizar a escrita de "O Manuscrito", pequena novela sobre as aventuras do vate lusitano e seu clássico "Os Lusíadas". Na história, contada a partir do Rio de Janeiro, um artefato, à semelhança de uma garrafa, dessas que só se encontra em antiquários, aparece boiando do nada na praia Vermelha, tendo no seu interior rolos de papéis onde se verifica os misteriosos manuscritos com os versos do poeta, oriundos do naufrágio no qual estima-se que ele perdeu parte do seu poema épico. É a parte perdida desses escritos que aparece na praia carioca.

A novela gira em torno do personagem Alfredo Leal, que encontra a relíquia acidentalmente em um momento de reflexão na praia localizada no bairro da Urca – onde buscava consolo de seu desenlace amoroso. A partir daí, a história se desenvolve, com ingredientes de ação policial, perseguição por quadrilhas de colecionadores, eletrizantes sequestros e muitos tiros, ingredientes próprios de narrativas misteriosas e policialescas. A ver.

Tudo isto tem me levado a reler a obra de Camões, a saber mais sobre sua vida de aventuras literárias e marítimas. Hoje, por glória e graça do destino, estou exatamente na cidade habitada por ele, em meio a prédios e monumentos históricos, alguns datados de 1132 anos, como o Convento de Santa Cruz, gerido pelo prior D. Bento de Camões, tio do poeta, ou a Universidade de Coimbra, onde este foi reitor. Estamos falando dos idos de 1500.

Sou leitor do poeta português desde a juventude. Sabia de cor parte do seu poema épico –e alguns de seus sonetos. E por atravessar esses tempos camonianos, quero recomendar dois livros essenciais do poeta quinhentista para se conhecer melhor a sua lírica: "Os Lusíadas", em impecável edição organizada e anotada e "Sonetos", com organização e prefácio, ambos sob a luxuosa competência de Alexei Bueno, publicados pela editora Nova Fronteira no ano passado.

Retomar a leitura dos textos de Luís de Camões, especialmente agora, quando se completam 500 de sua existência, é fazer uma digressão saborosa no tempo e na produção de um poeta que marcou gerações.

Por exemplo, nessa nova edição de "Os Lusíadas" de Camões, Alexei Bueno faz profundas marcações na obra, através de notas explicativas, apontando momentos importantes da narrativa épica, contada pelo poeta nos dez cantos do longo poema, publicado originalmente em 1572.

O livro, em capa dura, com 1200 notas que esclarecem aspectos linguísticos, históricos e literários do período, abre com estudo introdutório, que aborda a época, a vida, a obra e reproduz ilustrações, gravuras e vinhetas da edição original publicada no Porto, em 1880, na comemoração ao trigésimo centenário. Além desses detalhes, traz os fac-símiles do "alvará régio" e do parecer do censor do Santo Ofício que autoriza a sua publicação.

Destacam-se ainda nessa edição, como apêndices, as "estâncias desprezadas e omitidas" por Camões, na impressão original da obra, que foram descobertas em dois manuscritos, por Manuel Faria e Sousa, organizador da obra do poeta e seu primeiro biógrafo.

A edição realizada pelo poeta Alexei Bueno é caprichosa e convidativa à leitura, pois atualiza e explica termos da mitologia, situando os leitores para quando o livro foi escrito e publicado.

Além dessa obra, Alexei Bueno também organizou os sonetos de Camões, numa edição também caprichada. Como se sabe, o vate português foi um dos mais importantes sonetistas ocidentais, apreciador e seguidor de Petrarca, considerado o criado da composição, composta de quatorze versos –duas quadras e dois tercetos.

Nos "Sonetos", destacam-se as mais belas composições líricas do poeta, nas quais foi mestre, em geral relacionadas ao tema do amor, como os dedicados à sua amada Dinameme, morta no mesmo naufrágio em que teria salvado a nado os originais de "Os Lusíadas".

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