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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Descrição de chapéu Copa do Mundo

Torcedores e jornalistas vão do oba-oba à depressão

Na Copa, aumenta o número de analistas famosos, que não acompanham futebol internacional

Gostei do nível técnico da primeira rodada. Nada excepcional. Notei a pouca pressão em quem está com a bola. As equipes preferem recuar e fechar os espaços, para contra-atacar. A Espanha foi o melhor time, e a Arábia Saudita, o pior. Espanha e Portugal fizeram o jogo mais agradável, e Croácia e Nigéria, o mais desagradável. Cristiano Ronaldo foi o cara, e Coutinho fez o gol, tecnicamente, mais brilhante. A Islândia mostrou o melhor sistema defensivo, e o México, o melhor contra-ataque. A Alemanha foi a maior decepção.

 

A dificuldade das grandes seleções diante de equipes inferiores não foi surpresa, pois, nos últimos anos, estas, em todo o mundo, aprenderam como se posicionar defensivamente. Achei excessivas as duras críticas à Argentina e ao Brasil, já que Islândia e Suíça marcaram muito bem. Messi e Neymar tiveram grandes dificuldades. Das principais seleções, a Bélgica foi a única que ganhou com facilidade, porém, contra o fraquíssimo Panamá.

Com exceção de Bélgica, Inglaterra e Costa Rica, que iniciaram as partidas com três zagueiros, todos os outros jogaram com dois. A Bélgica, com três defensores, foi a equipe mais ofensiva, pois coloca três em seu campo e sete no do adversário. De Bruyne, o craque do time, brilha de uma área à outra. É o tipo de armador que falta ao Brasil. Falo isso há mil anos.

A Alemanha, além de carecer de um ótimo jogador de ataque, teve uma atuação defensiva desastrosa. Um time com dois zagueiros não pode atuar com o lateral direito como ponta e com os dois armadores (Khedira e Kroos) no campo adversário. As equipes de todo o mundo que jogam com dois zagueiros possuem um volante mais centralizado, que marca e inicia as jogadas ofensivas, como Casemiro, no Brasil, Busquets, na Espanha, Kanté, na França. A Alemanha só não levou uma goleada porque o México não tem ótimos atacantes.

Bastou o Brasil não atuar bem e empatar contra o bom time da Suíça para muitos torcedores e jornalistas esportivos passarem da euforia, do oba-oba, para a depressão, como se a atuação tivesse sido horrível. Pediram até a saída de Neymar, e surgiram enormes deficiências no trabalho do técnico. Tite passou de santo a mortal.

Na Copa, aumenta bastante o número de analistas e convidados famosos, que não acompanham o futebol internacional e que se acham os catedráticos.

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