As estatísticas dão uma grande contribuição às análises sobre o futebol, embora, às vezes, sejam excessivas, inúteis.
Segundos os números, o Palmeiras é o time que faz mais gols e que ganha mais jogos no segundo tempo.
A razão seria o uso correto, por Felipão, do ótimo elenco, o que concordo. Outro motivo seria o de que uma grande equipe começa as partidas de forma tranquila, sem pressa para vencer, e, quando o gol não sai, pressiona na segunda etapa. Do outro lado, os times inferiores se cansam de tanto correr e marcar, ficam acuados, deixam de contra-atacar no segundo tempo e perdem o jogo.
Algumas vezes, o time superior domina a partida, cria muitas chances de gol e, quando a vitória está próxima, o técnico, pressionado pelos torcedores e, seguindo o ritual de mudar aos 15 minutos do segundo tempo, troca um ou outro jogador. O time piora e perde a chance de ganhar.
Outra atual estatística é a de que Felipão é o técnico com a maior média de pontos no Brasileiro, o que é óbvio, seguido por Dorival Júnior e um pouco abaixo, Barbieri. Isso mostra que o Flamengo não melhorou tanto com a troca do treinador, com dizem. Dorival Júnior dirigiu o time em poucas partidas, o que atrapalha a análise.
Além disso, a equipe poderia crescer se Barbieri fosse mantido.
O tamanho da importância das estatísticas e das estratégias é complexo, discutível, mas é preciso reconhecer e valorizar os técnicos que, em muitos momentos, têm sacadas decisivas, apesar de ser difícil separar o que foi determinado pelo treinador de tantos outros fatores, circunstâncias e acasos. “No momento certo, com a ajuda do acaso, o desejo encontra a oportunidade” (Gilson Yoshioka).
Mudo de assunto. No meio de semana, pela Liga dos Campeões da Europa, Neymar e Messi deram novos recitais, registrados para a eternidade.
O fato da semana é a final entre Boca e River, que não termina.
Primeiro, a violência nos gramados. Depois, nas arquibancadas, seguida de agressões e grandes tumultos fora dos estádios. Tudo isso somado à incompetência, à corrupção e a dezenas de graves problemas, que culminaram com a vergonhosa decisão da Libertadores. Esse absurdo também poderia acontecer no Brasil ou em qualquer país sul-americano e até na Europa.
É a irracionalidade e a sordidez humana.
Termina hoje o Campeonato Brasileiro, e já começaram as mudanças. Marcelo Oliveira foi demitido do Fluminense antes do jogo final.
O motivo para tanto desespero é criar um fato novo, mais um chavão do futebol. Renato Gaúcho continua no Grêmio. Além do altíssimo salário, que dizem ser maior que o de Guardiola, Renato deve ter exigido a contratação de jogadores para melhorar o elenco e que sua estátua seja erguida no lugar onde poderá ser mais vista.
O Corinthians, provavelmente, trocará Jair Ventura por Carille. Se não contratar reforços, nada adianta.
Santos e Flamengo disputam Abel Braga, um bom treinador, valorizado, como se fosse um supertécnico. Deve ser porque é boa gente.
O chavão, a onda atual, inspirada no Palmeiras, é o de que os jogadores brasileiros se adaptam muito melhor ao futebol pragmático, simples, sem sofisticação, direto, com poucos passes.
Dirão ainda que é o futebol raiz. Confundem simplicidade com fácil execução. É a aceitação da incompetência para fazer melhor e diferente. Talento, eficiência, é tornar simples o que é complexo.
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