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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Na Argentina, Messi é um herói sem resultado

Camisa 10 tem consciência sua incapacidade de dar um título importante ao país

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Após a primeira rodada da Copa América, de pouquíssimo público e de grandes arrecadações, por causa do exorbitante preço dos ingressos, das cinco seleções consideradas mais fortes (Brasil, Uruguai, Colômbia, Chile e Argentina, por causa de Messi), só a Argentina foi mal e perdeu.

O técnico da Colômbia, o português Carlos Queiroz, pode acrescentar o que faltava, uma alma mais competitiva e pragmática, sem perder a técnica e a habilidade. 

Brasil, Uruguai, Colômbia e Chile mostraram algo em comum, a pressão em quem está com a bola, para, rapidamente, recuperá-la. A Colômbia não deixou a Argentina trocar três passes seguidos, de uma intermediária à outra. Messi e Agüero ficaram isolados. Os times europeus, há tempos, usam essa marcação. O Palmeiras é a equipe brasileira que mais pressiona e recupera a bola.

Messi durante derrota para a Colômbia pela Copa América
Messi durante derrota para a Colômbia pela Copa América - Rodolfo Buhrer-15.jun.19/REUTERS

A tendência mundial é a de unir as duas estratégias, pressionar e recuar para fechar os espaços, em um mesmo jogo, de acordo com o momento da partida.

A antiga justificativa de que marcar por pressão provoca muito desgaste físico não faz mais sentido, já que os jogadores são muito bem preparados fisicamente e os elencos são bons e grandes. Quem está cansado é substituído. A outra alegação de que, quando se adianta a marcação, se abre muitos espaços na defesa pode ser evitada se os zagueiros e o goleiro estiverem bem posicionados. Essas justificativas são álibis para técnicos medrosos e preguiçosos.

Nesta quarta (19), a Argentina enfrenta o Paraguai, que empatou e jogou mal contra o Qatar. Porém, uma característica marcante dos paraguaios é jogar mal contra os times medianos e dificultar bastante para as melhores seleções. Sabe fazer uma retranca. Por mais que seja a descrença com a seleção da Argentina, há sempre a esperança de que Messi faça maravilhas e que o time seja campeão.

Sem querer divagar, mas divagando, a frustração e a tristeza de Messi em não dar um título à Argentina me lembra o mito de Sísifo, grande obra do filósofo Albert Camus. Sísifo, personagem grego, é condenado pelos deuses a levar uma pedra até o cume da montanha. A pedra sobe e desce, pelo peso. E, assim, sucessivamente. Sísifo tem consciência de sua limitação, de sua derrota e de seu destino, diante da angústia da finitude humana. A consciência o torna superior ao seu destino e salva-o para viver.

Messi, assim como Sísifo, tem consciência de sua incapacidade de dar um título importante à Argentina.

Sofre muito com isso, cada vez mais, mas não desiste, mesmo que as derrotas comprometam seu prestígio. Isso o torna também mais humano e melhor, dentro e fora de campo. Messi é o herói sem resultado.

Burocrático

O Brasil dominou, pressionou, trocou muitos passes, teve muita posse de bola, mas faltou a jogada individual, surpreendente, perto da área.

Richarlison, pela direita, entrava pelo centro, e Daniel Alves não avançava. Não havia jogada por aquele setor. No segundo tempo, entrou Gabriel Jesus da esquerda para o meio, e David Neres passou a jogar pela direita. O time continuou torto, sem um atacante pelo lado, agora pela esquerda, e embolado pelo meio. Éverton entrou e fez duas belas jogadas, como na partida anterior.

A Venezuela marcou muito bem, com duas linhas de quatro, recuadas, próximas, além de um volante entre as duas linhas. Ela não é mais aquele time fraquíssimo do passado.

Assim como no jogo contra a Bolívia, o Brasil foi burocrático e previsível.

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