Das grandes seleções europeias, três foram eliminadas nas oitavas de final, Portugal, França e Alemanha, que eram do chamado grupo da morte.
Algumas palavras do artista plástico Nuno Ramos retratam muito bem o que foi a belíssima, emocionante e surpreendente partida entre França e Suíça (que terminou com o pênalti perdido pelo craque Mbappé e a eliminação dos franceses): “Tudo parece fácil e concatenado quando ganhamos; tudo parece disperso e difícil quando perdemos. No entanto, é por tão pouco que se ganha e se perde. O apito final estabiliza violentamente aquilo que, no transcorrer do jogo, parece um rio catastrófico de mil possibilidades, a nos arrastar com ele”.
Um dos destaques da nova seleção italiana, que vai enfrentar a Bélgica nas quartas de final da Eurocopa, é o volante Jorginho, brasileiro naturalizado italiano. Jorginho é o volante mais centralizado, protetor da defesa e iniciador das jogadas ofensivas, sempre com um bom e preciso passe. Quando o time não encontra espaço para avançar, volta a bola para que ele recomece o jogo.
No passado, quando começou o futebol, há mais de cem anos, os times jogavam com dois zagueiros, três médios e cinco atacantes. O volante centralizado era o centromédio, geralmente o craque do time, o pensador, que jogava com a cabeça em pé. Para um garoto que começa a compreender o futebol, é muito mais fácil e óbvio chamar esse jogador de centromédio que de volante. A palavra diz tudo.
A Itália, como a Espanha e vários times e seleções de todo o mundo, joga com um trio no meio-campo, formado pelo centromédio e por um armador de cada lado, que marcam e atacam. Prefiro essa formação do que a usada pela seleção brasileira e por muitas outras equipes, que atuam com dois volantes em linha e com um meia ofensivo à frente dos dois. Na formação italiana, o time marca com três no meio-campo e avança com dois meias. Na maneira brasileira de jogar, dois marcam no meio-campo e apenas um meia ataca.
As equipes com um trio no meio-campo, quando perdem a bola e não conseguem pressionar o adversário, recuam e marcam com uma linha de cinco no meio-campo (os três do meio e os dois pontas). Quando recuperam a bola, avançam com cinco (dois meias, dois pontas e o centroavante). A moda atual é chamar a atenção para os cinco que atacam, como se isso fosse moderno, uma novidade no futebol.
Da mesma forma, virou moda e motivo de discussões o fato de várias equipes formarem uma linha de cinco defensores quando perdem a bola. Tem sido bastante comum. Desde os anos 1960, é frequente uma equipe jogar com três zagueiros e com dois alas ou laterais, que voltam para marcar ao lado dos três defensores.
O esquema tático com duas linhas de quatro e dois atacantes, que talvez seja ainda o mais usado em todo o mundo, começou em 1966, com os ingleses campeões da Copa.
Evidentemente, o futebol atual é muito mais intenso, rápido, o que permite a uma equipe, no mesmo jogo, marcar com oito ou nove jogadores perto da área e atacar com cinco e mais dois laterais. Esse é o grande avanço do futebol.
As coisas vão e voltam, com outros nomes, conceitos, detalhes. Temos pressa de nos antecipar ao tempo, de viver novas experiências e de redescobrir o mundo, mas, com frequência, a roda não para. O que parece ser uma grande novidade é o início da roda. Com isso, deixamos de curtir, de viver intensamente, muitos belos e grandes momentos do presente.
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