O mundo, a vida e o futebol se transformam com o tempo, aos poucos, progressivamente, sem dar saltos, embora, às vezes, ocorra, de repente, algo inusitado, marcante. Outras vezes, não percebemos as mudanças que ocorrem lentamente e levamos um susto.

O Cruzeiro, sob nova direção, inicia um bom caminho, com grande chance de dar certo.

O futebol tem fatos surpreendentes. O Fluminense, abatido pela eliminação na Libertadores e pela derrota para o Botafogo, agigantou-se e derrubou o poderoso Flamengo, perdido, com os jogadores sem saber o lugar em campo.

Cada um procura seu caminho. O Palmeiras, antes da vitória por 4 a 0 sobre o São Paulo, já dava sinais de que o time tinha evoluído, com exceção da derrota por 3 a 1, no primeiro jogo da final do Paulista. O time pode ainda melhorar. Necessita ter uma boa opção de centroavante. Penso ainda que a equipe, no Brasileirão, com muitos jogos, poderá sentir a falta de um bom substituto para Danilo e Zé Rafael, no nível de Patrick de Paula, negociado com o Botafogo.

O São Paulo não soube jogar uma final nem usar a vantagem de dois gols. A autossuficiência de Rogério Ceni, compartilhada com os jogadores, fez com que o técnico achasse que o time não precisaria mudar a maneira de atuar, mesmo contra a forte pressão da torcida do Palmeiras. O São Paulo não precisava jogar na defesa, para contra-atacar, mas era essencial reforçar a marcação pela esquerda, ponto forte do Palmeiras, com o trio formado por Dudu, Raphael Veiga e Roni, além do apoio de Marcos Rocha. O Bragantino, na derrota para o Palmeiras na semifinal, cometeu o mesmo erro.

Depois da partida entre Palmeiras e São Paulo, assisti a outro excelente jogo, o teipe da vitória do Barcelona sobre o Sevilla por 1 a 0. O time catalão, pela orientação do técnico Xavi, pela contratação de alguns jogadores e pela evolução de vários jovens, passou a atuar em alto nível e saiu do nono lugar para o segundo do Campeonato Espanhol. Pedri, de 19 anos, já titular da seleção da Espanha, tem grande chance de ser uma estrela no Mundial.

Xavi bebeu na fonte de Guardiola, que foi aprendiz de Cruyff, que aprendeu com Rinus Michels, técnico da seleção da Holanda na Copa de 1974.

O futebol evoluiu bastante na última década, com várias maneiras de vencer e de jogar bem. No domingo, teremos o confronto pela liderança do Campeonato Inglês, entre Manchester City e Liverpool, representantes dos dois estilos mais festejados e vitoriosos, o do City, de posse de bola, de troca de passes e de triangulações até o gol, e o do Liverpool, mais vibrante, rock’n’roll, de transições rápidas, de passes longos e de viradas de jogo de um lado para o outro. Os dois têm algo em comum, a diminuição dos espaços entre os setores e a pressão para recuperar a bola em todo o campo, dois pilares do futebol moderno, o que ainda não se tornou frequente nas equipes brasileiras.

Para onde caminha o futebol? Há várias direções. O futuro é incerto. Um caminho é unir, em uma mesma equipe, estilos diferentes de jogar, de acordo com o adversário e com o momento da partida. Abel Ferreira e outros treinadores seguem esse desafio.

O conhecimento deveria ser transmitido a todos, embora haja cada vez mais pessoas que não querem aprender. Preferem a repetição, a polarização e a visão estreita de só enxergar e escutar o que está de acordo com as próprias convicções.