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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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As coisas vão e voltam no futebol, com diferentes nomes

Gostaria que os primeiros volantes, centralizados, fossem chamados de centromédios

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Ao longo do tempo, houve várias mudanças na maneira de jogar, embora haja tantas coisas que vão e voltam, com diferentes nomes.

O passado tem de ser conhecido para se entender o presente, não para repeti-lo, uma mistura de saudosismo com desconhecimento das transformações no futebol e na sociedade.

No início do futebol, as equipes jogavam com dois zagueiros, três médios e cinco atacantes (2-3-5). O atual Manchester City, que tem quase sempre a bola, ataca de uma maneira parecida. Os dois laterais fecham e formam um trio de armadores com o volante (médios), e os meias avançam, um de cada lado, juntando-se aos três da frente. O City utiliza também atacantes pelos lados, fixos, como os antigos pontas, para alargar o campo, como gostam de dizer.

O Manchester City, do centroavante Haaland, quando tem a bola no pé, faz lembrar o velho esquema 2-3-5 - Andrew Boyers - 30.jul.22/Reuters

A atual seleção brasileira e um grande número de times espalhados pelo mundo, quando perdem a bola e não conseguem pressionar, marcam com uma linha de quatro no meio-campo, formada por dois volantes e por um ponta de cada lado (4-4-2). Essa formação tática começou com os ingleses, campeões do mundo em 1966, há 56 anos. A diferença é que, na seleção inglesa, a linha de quatro no meio defendia e avançava em bloco. Não havia distinção entre os dois volantes e os dois pontas.

A seleção brasileira, nas Copas de 1958, 1962 e 1970, tinha um trio no meio-campo, com o ponta esquerda recuado (4-3-3), o que não foi mais repetido. O tradicional 4-3-3, usado durante as últimas décadas e cada vez mais atual, é jogado com três no meio-campo e três na frente, sendo dois pontas, como fazem o Manchester City, o Liverpool, o Real Madrid, o Corinthians e um grande número de clubes em todo o mundo.

Durante várias décadas, a maioria das equipes brasileiras atuava com um losango no meio-campo, sem pontas, como joga o Flamengo (4-3-1-2). Na época, outras equipes preferiam ter dois volantes, dois meias à frente dos volantes e mais dois atacantes (4-2-2-2). Nas duas formações, o avanço pelos lados é feito pelos laterais, como Rodinei faz no Flamengo. Roberto Carlos e Cafu foram, durante muito tempo, os dois melhores laterais do mundo porque conseguiam marcar e atacar com eficiência.

Hoje, existem muitos diferentes desenhos táticos e estratégias. Alguns repetem o passado. O que mudou bastante positivamente foram a intensidade, a capacidade de defender e de atacar e a marcação por pressão, alternando com a marcação mais recuada, além de dezenas de outros detalhes técnicos e táticos.

Brandão (terceiro, da esq. para a dir.) era o ótimo centromédio do Corinthians em seu primeiro título na era profissional, em 1937 - Reprodução

O Fluminense é um time peculiar, no Brasil e no mundo, por agrupar, em um lado do campo, vários jogadores para trocar passes e tentar envolver o adversário. Este, atraído, também congestiona o setor onde está a bola. Apesar de haver grandes espaços do outro lado, o Fluminense utiliza pouco as viradas de bola. Desse jeito, poderia fazer mais gols. Como há grande congestionamento de um lado, os erros na troca de passes também aumentam, uma das razões de o Fluminense sofrer vários gols.

A terminologia do futebol mudou bastante. Os pontas agora são extremos. Gostaria que os primeiros volantes, centralizados, fossem chamados de centromédios, e que os segundos volantes, que atuam de uma área à outra, fossem os meio-campistas. As palavras e expressões usadas no futebol deveriam ser mais autoexplicativas. Difícil é gostar do que não se entende. "A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer." (Graciliano Ramos)

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