Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Acredito muito na união de atletas de características complementares

Coutinho e Pelé se comunicavam pelo olhar e pelo movimento das pernas

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Um embaixador da Copa do Mundo no Qatar disse que a homossexualidade é um dano mental. A ignorância e os preconceitos não têm limites. A Fifa, que costuma mandar nos países-sede durante o Mundial, como ocorreu no Brasil, precisa se manifestar contra esse absurdo. As pessoas que irão ao Qatar necessitam respeitar os costumes e as regras do país, e os anfitriões precisam respeitar o ser humano.

Alguns titulares muito importantes das principais seleções estão fora da Copa do Mundo, por causa de contusões, como Kanté e Pogba, da França, e Lo Celso, da Argentina. O Brasil não deve ter nenhum desfalque. Isso aumentou a cotação da seleção brasileira nas enquetes e nas bolsas de aposta.

Acredito muito mais na união de jogadores com características complementares do que no tempo de treinamento e de amistosos. O fantasista e criativo Pogba e o incansável Kanté, que está em todas as partes do campo, formam uma excelente dupla. Farão falta. Na Argentina, o meia habilidoso e inventivo Lo Celso era o principal iniciador, colaborador, vindo de trás, para as jogadas de Messi, da intermediária adversária para o gol.

Grandes duplas se destacaram no passado. Quando tinha dez anos, vi, antes da Copa de 1958, no Independência, em Belo Horizonte, juntos, Coutinho e Pelé, dois jovens. Um espetáculo. Tabelavam em espaços curtos, em frente à área. Comunicavam-se pelo olhar e pelo movimento das pernas. Um pensava o pensamento do outro.

Pelé (à esq.) e Coutinho (à dir.) se falavam no olhar - Divulgação/Santos

Pouco antes da estreia na Copa de 1970, Zagallo me chamou e disse que eu seria o titular. Pediu-me que jogasse à frente de Pelé e de Jairzinho. Disse a ele que atuaria como Evaldo fazia no Cruzeiro, que jogava à minha frente e à de Dirceu Lopes. Eu tinha convicção que a seleção, com dois monstros artilheiros, Pelé e Jairzinho, precisava de um centroavante armador, facilitador, não de um típico centroavante finalizador.

Dias atrás, um leitor que encontrei em minhas caminhadas me falou que eu fui barrado por Zagallo, quando ele assumiu no lugar de Saldanha, porque eu tinha elogiado dom Hélder Câmara e dado uma entrevista ao Pasquim contra a ditadura. Não foi por isso que Zagallo me barrou. É o pensamento atual, paranoico e tendencioso, que vivemos. Zagallo achava que a seleção precisava de um clássico centroavante, como Roberto ou Dario.

Paquetá e Neymar se completaram em momentos de alguns amistosos, com trocas curtas e precisas de passes em direção ao gol. Tite está com dificuldade de escalá-los juntos, pois teria de tirar um centroavante ou o volante Fred, para jogar apenas com um volante, ou ainda tirar Vinicius Junior, com Paquetá jogando da esquerda para o meio. Vinicius Junior é hoje um dos grandes atacantes do mundo e não pode ficar fora.

Qualquer que seja a escalação e o desenho tático, gostaria de ver Neymar mais perto da área, para driblar, dar passes decisivos e fazer gols. Se recuar demais para armar as jogadas, vai ficar longe do gol e ainda correr o risco de tentar driblar e ser desarmado no campo do Brasil.

Espero que Neymar não repita o comportamento da última Copa, quando simulava, rolava no gramado e reclamava com agressividade, um teatro ridículo que gerou antipatia mundial. No PSG, Neymar não tem tido esse comportamento, embora ainda receba muitos cartões amarelos por reclamação pelas faltas dos adversários. Tite, com rigor, sinceridade e franqueza, tem de conversar com ele.

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