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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Nem sempre é culpa do técnico

Queda do Botafogo no segundo turno tem muito mais relação com a imprevisibilidade do futebol do que pela troca de treinadores

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A grande importância dos treinadores é inquestionável. Porém, achar que tudo que acontece em uma partida é definido pelos técnicos, antes e durante os jogos, é uma visão equivocada e simplista e uma busca por heróis e vilões.

Independentemente do erro do treinador do Botafogo, Bruno Lage, ao não escalar Tiguinho desde o início do jogo contra o Goiás, a queda do time carioca no segundo turno tem muito mais relação com a imprevisibilidade do futebol do que com a troca de treinadores, ainda mais que a campanha espetacular do primeiro turno foi bastante surpreendente.

Os imprevistos e as decisões dos atletas são também importantes na história de um jogo. Dezenas de diferentes acasos são frequentes, mas nunca sabemos onde e quando vão ocorrer e quem serão os beneficiados. Acontecem, como os erros dos árbitros de campo e do VAR que prejudicaram o Bahia contra o Flamengo. Acaso não é mistério.

Técnico Bruno Lage comanda o Botafogo em partida no estádio do Corinthians; treinador é alvo de críticas da torcida carioca - Amanda Perobelli - 23.set.23/Reuters

Nesta quarta (4) e quinta (5), conheceremos os finalistas da Libertadores. Podem ser definidos pelas atuações dos times e jogadores, por detalhes objetivos, subjetivos e pelo imponderável.

No jogo entre Internacional e Fluminense, não há favorito. Na primeira partida, empate por 2 a 2, um jogaço, e na derrota por 2 a 0 contra o Atlético-MG, o Inter teve grandes chances de vencer as duas partidas. Contra o Flu, quando era melhor e tinha um jogador a mais, o Inter, em vez de pressionar, se retraiu. Contra o Atlético-MG, quando era melhor e criava mais chances de gols, o técnico Coudet colocou vários titulares e o Galo venceu. São as contradições do futebol.

Fernando Diniz deve estar na duvida se escala um trio no meio campo, com André, Ganso e Alexander, ou se troca Ganso ou Alexander por mais um atacante, Kennedy, como tem feito. A seleção, dirigida por Diniz, também tem jogado com dois no meio campo e dois atacantes. Gosto mais do trio no meio, para aproximar os jogadores e trocar passes, como sempre foi a maneira de jogar do técnico.

Ao ver Ganso tentar, com dificuldades, jogar como um meio-campista de uma intermediária a outra, lembro-me do inicio excepcional de sua carreira quando era um clássico meia ofensivo, à espera de receber uma bola livre em pequenos espaços, entre os volantes e zagueiros, para executar belos lances. Com o tempo, Ganso se perdeu por causa de seus erros, porque os espaços ficaram menores e ele passou a ser mais marcado.

Como os grandes times se tornaram mais compactos, com distâncias menores entre os jogadores mais recuados e os mais adiantados, não há mais razão para se ter volantes para marcar, armadores para criar e meias atacantes avançados. Os grandes meio-campistas, que chamam de segundo volante, marcam, criam e atacam.

Durante décadas, no Brasil, os jogadores de meio campo talentosos e hábeis passaram a ser escalados como pontas ou meia- atacantes. Desapareceram os meio-campistas, que atuam de uma intermediária a outra. Talvez isso ajude a explicar porque alguns jogadores como Alison, do São Paulo, que sempre foi um ponta ou um meia-atacante mediano, se transformou, sob o comando de Dorival Junior, em um meio-campista de destaque.

Se Ganso tivesse sido formado de uma maneira diferente, para ser um meio-campista, talvez ele fosse hoje, por ter muito talento, o craque que falta à seleção brasileira para atuar próximo de Casemiro.

"A vida dá muitas voltas, a vida nem é da gente" (João Guimarães Rosa)

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