Txai Suruí

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

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Txai Suruí

A colonização não acabou

A cobiça por nossos territórios continua sendo a pauta principal no Congresso

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O mundo está em guerra, e o ser humano segue se matando. Penso que o que acontece na Palestina pode ser o que viveremos em algum momento. A colonização não acabou. Até hoje nos negam nosso território, pela ganância. Esquecem que protegemos as nascentes, os rios, as matas e todos os seus remédios e animais. Todas as árvores que seguram nosso clima e nos dão o ar para respirar. Todos seus espíritos que seguram nosso mundo.

Líderes indígenas kayapó acompanham julgamento da tese do marco temporal no Supremo - Ueslei Marcelino - 20.set.23/Reuters

As emergências climáticas são reais. Os rios que se foram com a seca, as alagações e o calor me assustam. Por que, mesmo vendo tudo o que está acontecendo, continuamos mudando tão pouco nossa relação com a natureza? Esse sistema não se preocupa com o amanhã, ele só quer lucrar agora.

A exploração e a cobiça por nossos territórios continuam sendo pauta principal no Congresso Nacional. O PL 2903 quer regulamentar o Marco Temporal, já julgado inconstitucional pelo STF, além dos apensados com propostas de exploração dos territórios indígenas e perda de direitos.

A bancada ruralista, com o agronegócio, já se articula para tomar nossas terras para desmatar, queimar e colocar mais gado para ficarem ainda mais ricos e destruírem nosso planeta ainda mais. Tem grande influência na Câmara, com 58% do total de membros —300 deputados dos 513. No Senado também cresceu, com 47 dos 81 senadores.

As empresas também se beneficiam. Apesar de assumir o compromisso público de atuar pela garantia de uma cadeia livre de irregularidades ambientais e violação de direitos humanos, a JBS está ligada a cerca de 1,5 milhão de hectares de desmatamento por meio de sua cadeia indireta de suprimentos, segundo a coalizão Chain Reaction Research, e é considerada a empresa de carnes com maior emissão global, de acordo com estudo da Changing Markets Foundation com o Institute for Agricultural and Trade Policy. Nos últimos cinco anos, a JBS pagou mais de R$ 18 bilhões em multas por seu envolvimento em vários escândalos de corrupção, ambientais e de direitos humanos.

Enquanto isso, alguns cientistas já falam em ebulição climática do nosso planeta. Precisamos defender nossas florestas e seus guardiões. Ainda que eles digam que outros caminhos não são possíveis, não podemos acreditar. Podemos mostrar outras formas de ser e de estar neste mundo que respeitem a mãe natureza.

A Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) convoca a todos para uma mobilização nacional em Brasília, nas redes sociais, nos territórios e nas cidades no próximo dia 9, quando o Congresso aceitará ou anulará os vetos do presidente Lula ao marco temporal. Não podemos nos calar!

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