Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Gripe aviária preocupa mais que peste suína e ameaça produção de proteínas

Após peste suína, aumenta número de países com influenza aviária

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Em um período em que o mundo passa a exigir mais proteínas, devido ao aumento de renda em vários países, a oferta desses produtos fica ameaçada pelas doenças que se espalham.

Após os estragos da peste suína na China, que teve início em 2018, aumenta o número de países com a incidência de influenza aviária.

A combinação das duas é uma verdadeira bomba, afirma Francisco Turra, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

A essas duas doenças se soma o coronavírus, que ameaça humanos pelo mundo todo.

Bombeiro desinfeta rua em região da Polônia em que focos de gripe aviária foram descobertos - Jakub Orzechowski - 2.jan.20./Reuters

A peste suína africana já se espalhou por várias regiões da Ásia, da Europa e da África, enquanto a gripe aviária chegou a 12 países neste ano.

Alguns desses, como China e Índia, têm as maiores populações do mundo. Outros, como a Polônia, podem levar a doença para grandes produtores europeus.

Janice Zanella, chefe-geral da Embrapa Aves e Suínos, diz que o avanço da influenza é preocupante. A China tem um comércio mundial muito grande no setor de agronegócio e de insumos.

O vírus é o H5N1, de alta patogenicidade, trazido principalmente por aves migratórias. O problema, segundo a pesquisadora da Embrapa, é que a letalidade da gripe aviária é de 52%, quando afeta humanos, enquanto a do coronavírus é de 2%. Isso quer dizer que, de cada duas pessoas afetadas pela influenza, uma provavelmente morre.

Para Zanella, os vírus sempre existiram e estão em evolução. É preocupante, porém, que 75% das novas doenças são zoonoses. O homem invadiu o habitat dos animais, colocou-os em confinamento ou está criando espécies exóticas. Além disso, há uma maior mobilidade e a população envelhece e perde imunidade.

Do ponto de vista agroeconômico, esse cenário é complicado porque a gripe aviária é mais preocupante do que a peste suína. Nesta última, quando ocorre, o animal é abatido, faz-se a higienização e retoma-se a produção. No caso da influenza, faz-se o mesmo processo, mas há um retorno constante do vírus.

Se a influenza se alastrar pela China, vai trazer um grande problema para o país. 

A peste suína africana fez a produção de carne suína cair do patamar de 55 milhões de toneladas para 37 milhões.

Parte desse déficit está sendo suprida com importações, mas o governo apostava no crescimento rápido da avicultura para elevar a oferta de proteína.

O surgimento constante dessas doenças na China tem muito a ver com o sistema tradicional de criação dos animais. Só agora os chineses começam a mudar o sistema, evoluindo para granjas com mais biossegurança.

Se ocorrer um déficit ainda maior de proteínas na China, o Brasil será um dos parceiros entre os que podem aumentar as exportações. 

Turra diz, no entanto, que há um limite. Em 2019, os brasileiros já aumentaram em 34% as vendas de aves para a China e em 61% as de suínos.

Neste ano, a produção do Brasil deverá crescer 5% na suinocultura e 7% na avicultura. Há pouco espaço para volumes maiores.

Já o consumo de carne bovina dos chineses deverá ser de 9,5 milhões de toneladas, o de carne suína recua para 40 milhões, e o de frango vai a 15,2 milhões.

Emprego

Safra maior e colheita manual fizeram com que o setor de citricultura contratasse 48,2 mil trabalhadores no ano passado. Esse número representa 7,5% de todas as contratações no país e 26,2% das efetuadas no estado de São Paulo, de acordo com o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.

Mercado robusto A China é o principal importador de carnes suínas e de frango do Brasil. No ano passado, foram exportadas para lá 585,3 mil toneladas de carne de frango e 248,7 mil toneladas de carne 
suína, de acordo com dados divulgados pela ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

Nova altas A arroba do boi gordo voltou a subir nesta segunda-feira (3), sendo negociada a R$ 196,2, com evolução de 2,83% no dia, segundo acompanhamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

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