Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Crise deve aumentar concentração no setor de leite

Pesquisador prevê redução no número de pequenos produtores e de indústrias de menor porte

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A concentração da produção e da industrialização do leite, um fenômeno que já vem ocorrendo na última década, deverá aumentar ainda mais com as dificuldades que o setor encontrará com a pandemia do coronavírus.

O Brasil está um pouco mais atrasado nesse processo de concentração do que outros grandes produtores de leite como Nova Zelândia e Estados Unidos.

Esse processo, porém, poderá ser acelerado com o cenário atual, havendo uma redução no número de pequenos produtores e de indústrias de menor porte. Não está descartada, inclusive, fusões entre grandes do setor.

Um dos problemas mais graves, tanto para a indústria como para o produtor, será a perda de renda dos consumidores
Criação de gado - Pierre Duarte/Folhapress

É o que prevê Glauco Carvalho, pesquisador da Embrapa Gado de Leite. Mas ele destaca que o mundo vive algo sem parâmetros. Por isso, fica difícil uma previsão das consequências dessa pandemia.

Um dos problemas mais graves, tanto para a indústria como para o produtor, será a perda de renda dos consumidores. A demanda menor por lácteos afeta os preços da indústria, que leva o problema para o campo, remunerando menos o produtor. Pode haver ruptura e desestabilização da cadeia.

Carvalho acredita, no entanto, que indústrias e produtores vão achar novos caminhos. No caso da indústria, algumas vão ser obrigadas a mudar o mix de produção. Já os produtores terão de buscar novos meios de produção, principalmente com redução de custos.

Até o momento, contudo, o setor não foi muito afetado pelos efeitos do coronavírus. A primeira reação do consumidor foi fazer estoques, elevando os preços do leite no atacado e no varejo, afirma ele.

Atualmente, as compras já estão mais controladas e os preços começam a recuar no varejo. O mais preocupante, na visão do pesquisador, será a perda de capacidade de produção dos laticínios e queijarias e dos produtores.

Enquanto essas indústrias, ao reduzirem as atividades, deixarão de adquirir o leite, os produtores, sem receitas, vão começar a abater as vacas.

A crise não é boa para o setor, mas Carvalho acredita que essas dificuldades farão produtores, cooperativas e indústrias melhorarem a gestão e superarem esse desafio.

JBS A empresa desativou temporariamente uma unidade de processamento de carne bovina no estado do Colorado, nos Estados Unidos, devido a problemas relacionados à pandemia do coronavírus.

JBS 2 No Brasil, a empresa deu férias coletivas a funcionários de 5 das 37 unidades. A paralisação no Brasil se deve a ajustes de produção. A demanda externa já não é a mesma de meses anteriores.

Marfrig A empresa paralisou, até o dia 20 deste mês, uma unidade de processamento de carne bovina no estado de Iowa, nos Estados Unidos. Os testes de vários funcionários deram positivo para a Covid-19.

Marfrig 2 No Brasil, a empresa relata que não teve problemas relacionados à doença, e que todas as unidades continuam em operação.

ITR postergado A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) solicitou à Receita Federal a prorrogação do prazo para a prestação das informações sobre o Valor de Terra Nua.

Dívidas A entidade pediu também ao Ministério da Economia o adiamento, para 30 de outubro, da manifestação de interesse dos produtores rurais para compor suas dívidas.

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