Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Safrinha de milho tem quebra de 18,6 milhões de toneladas

Projetada inicialmente em 83,9 milhões, a produção deverá ser de apenas 65,3 milhões, segundo a Agroconsult

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Os preços previstos para o milho eram bons. Com isso, o produtor não poupou investimentos e elevou a área de plantio do cereal para 14,7 milhões de hectares na segunda safra deste ano.

Embora já soubesse de eventuais riscos, devido ao atraso no plantio, não contava com uma seca tão forte que, em algumas regiões, durou 70 dias.

O resultado é que a chamada safrinha, semeada após a colheita de soja, que atrasou neste ano, termina com um volume de apenas 65,3 milhões de toneladas. A estimativa inicial era de 83,9 milhões.

Os dados são da Agroconsult, que faz anualmente uma expedição, o Rally da Safra, pelas principais regiões produtivas do país.

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Máquinas preparam a terra para safra de milho na zona rural da cidade de Toledo (PR) - Cláudio Gonçalves - 31.jan.2019/Folhapress

Em algumas delas, o produtor nem colocará as máquinas no campo para efetivar a colheita, uma vez que a produtividade ficará abaixo de dez sacas por hectare, segundo André Pessôa, sócio-diretor da Agroconsult.

Apesar dessa forte quebra na produção, o produtor de milho terá rentabilidade positiva, segundo André Debastiani, coordenador da expedição. A comercialização foi bastante adiantada e em patamar remunerador.

Na avaliação dele, serão poucos produtores que terão prejuízo com a safrinha. Uma produtividade acima de 60 sacas por hectare traz rentabilidade.

A produtividade média do país ficou em 74 sacas, mas 22,2% inferior à do ano anterior. Em janeiro, a Agroconsult previa 98,1 sacas por hectare.

Com a quebra na produção da safrinha, a safra total de milho de 2020/21, incluindo o período de verão, fica em 90,2 milhões de toneladas. Por isso, o Brasil deverá exportar menos e importar mais.

As vendas externas brasileiras recuam para 24 milhões de toneladas neste ano, pelo menos 10 milhões abaixo do que era previsto anteriormente. Já as importações, que foram de 1,5 milhão de toneladas na safra anterior, sobem para 3 milhões nesta.

Os números de produção da safrinha, previstos até este mês, poderão ser ainda menores, segundo Pessôa, dependendo do alcance das geadas previstas para a próxima semana no Paraná e em partes de Mato Grosso do Sul e de São Paulo.

Entre os quatro principais produtores de milho, Goiás e Mato Grosso do Sul terão as maiores quedas na produtividade, com redução de 35% em relação à safra anterior. A produção de Mato Grosso do Sul recua para 54,5 sacas, e a de Goiás, para 67,8.

O líder Mato Grosso tem recuo de 14%, com a produtividade baixando para 94,5 sacas por hectare, enquanto a queda no Paraná será de 31%. Os paranaenses vão colher, em média, 58 sacas nesta safrinha.

Conforme estimativas da Agroconsult, Mato Grosso produzirá 33 milhões de toneladas de milho. A seguir vêm Paraná (8 milhões), Goiás (7 milhões) e Mato Grosso do Sul (7 milhões).

Para a safra 2021/22, o cenário é de novos crescimentos na área de cultivo de grãos, segundo Pessôa. Inclusive com uma maior utilização de insumos.

Para Ivan Jarussi, diretor comercial da FMC para a Região Sul, mesmo com os problemas mundiais de logística, uma eventual dificuldade no abastecimento de insumos será pontual.

Problemas na logística, fretes mais caros e as dificuldades na obtenção de materiais básicos pela indústria, porém, deverão deixar os produtos mais caros para o produtor.

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