Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Trigo desacelera no mercado externo, mas tem preço recorde no interno

Tonelada do cereal supera R$ 2.200 no Paraná, segundo dados do Cepea

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Enquanto o preço do trigo perde força no mercado externo, registra valores recordes no interno. Na Bolsa de commodities de Chicago, após estar próximo de US$ 11 por bushel há 15 dias, o contrato de julho está terminando as negociações deste mês com valores mais próximos a US$ 9.

Já no mercado interno, a tonelada subiu para valores recordes, próximos de R$ 2.200, conforme acompanhamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

A queda no mercado externo ocorre devido a uma melhora nas expectativas sobre a safra dos Estados Unidos. Há a possibilidade também de a produção da Rússia atingir um recorde de 89 milhões de toneladas.

Trigo é cultivado em Balsas, no Maranhão - Gil Correia/Folhapress

A alta nos preços internos ocorre devido ao valor do dólar, que encarece as importações, e à baixa disponibilidade interna do cereal, segundo pesquisadores do Cepea.

Apesar dos preços internos recordes, as importações estão ainda mais caras, saindo por R$ 2.550 no Paraná e R$ 2.350 no Rio Grande do Sul, conforme cálculos de paridade do Cepea.

Uma das causas dessa menor oferta interna são as exportações recordes feitas pelo Brasil nos primeiros meses deste ano.

De janeiro a maio, o país colocou 2,4 milhões de toneladas de trigo no exterior, volume bem acima das 491 mil toneladas de igual período do ano passado, segundo dados da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais).

Já as importações recuaram para 2,57 milhões de toneladas no período, 7% a menos do que no ano passado, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Tradicional importador do cereal, o Brasil exportou um volume recorde de trigo nos primeiros meses deste ano devido aos preços favoráveis do produto.

Os bons preços do cereal atraíram boa parte dos produtores. A área de plantio de 2022 deverá subir para 2,89 milhões de hectares, 5,4% a mais do que na safra passada, conforme dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

A expansão de área ocorre no Rio Grande do Sul, onde o plantio ocupará 1,32 milhão de hectares, 13% a mais do que em 2021. Com isso, a safra gaúcha deverá atingir 3,87 milhões de toneladas.

Os paranaenses, apesar dos preços atrativos do trigo neste ano, preferiram a liquidez do milho. A área no Estado teve queda de 3%, recuando para 1,18 milhão de hectares.

Mas, apesar da queda de área no Paraná, a produção do estado sobe para para 3,31 milhões de toneladas, 3,3% acima da de 2021, nos cálculos da Conab.

Para o Deral (Departamento de Economia Rural), o plantio caminha para o final no estado, e 97% das lavouras estão em boas condições.

Na área externa, dados da FAO apontam uma redução da safra mundial de 2022/23 para 771 milhões de toneladas. Os estoques internacionais ficam em 298 milhões de toneladas, praticamente estáveis em relação aos de 2021/22.

A alta interna nos preços do trigo chega ao bolso dos consumidores. O pão francês teve aumento de 13,2% em São Paulo neste ano, acumulando 21,4% nos últimos 12 meses.

A farinha de trigo subiu 18% e 23% nos mesmos períodos, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

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