Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities
Descrição de chapéu mudança climática

Calor nos EUA esquenta preço das commodities agrícolas

Altas intensas anulam quedas provocadas por acordo entre Rússia e Ucrânia

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A queda de preços no mercado internacional de commodities agrícolas, provocada pelo acordo entre Rússia e Ucrânia para a retirada dos estoques ucranianos do país, perdeu efeito.

Pelo segundo dia, as principais Bolsas de commodities registram altas aceleradas. "Entrou em cena um clima de tensão total para os próximos 30 dias, devido à seca nas lavouras dos Estados Unidos", diz Fernando Muraro, diretor da AgRural, de Curitiba.

Na avaliação dele, o "chove e não chove" é que vai determinar o comportamento do mercado nas próximas semanas. O milho está em um período de enchimento de grãos. Já a soja passa por um período de formação de vagens. Ambas as lavouras necessitam de água.

Fumaça de incêndio florestal que atinge o Parque Nacional de Yosemite, na Califórnia, nos EUA
Fumaça de incêndio florestal que atinge o Parque Nacional de Yosemite, na Califórnia, nos EUA - alertwildfire.org - 22.jul.22/Handout via Reuters

A situação climática deste ano é bem mais complicada do que a da safra anterior. O clima é quente tanto durante o dia como durante a noite. No ano passado, os dias eram quentes, mas a temperatura chegava a cair para até 12ºC no período noturno.

Durante o dia as temperaturas ficam entre 35ºC e 40ºC. À noite, caem para apenas 25ºC. A região com as piores lavouras é a do delta do rio Mississipi, onde o clima quente castiga mais a produção, diz Muraro.

O comportamento das chuvas nas próximas semanas vai determinar a produtividade das lavouras. O relatório de safra de setembro do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) deverá espelhar melhor o desempenho delas, afirma ele.

Assim como havia ocorrido na segunda-feira (25), as commodities voltaram a subir nesta terça. Com isso, a soja retornou aos US$ 15 por bushel (27,2 kg) e acumula alta de 7% nos dois últimos dias na Bolsa de Chicago. O trigo subiu 6%; o milho, 5%; e o óleo de soja, 3%.

No mercado interno, os preços também reagiram e refletiram o clima de seca nos Estados Unidos. A saca de soja foi comercializada a R$ 184 em Cascavel (PR), com alta de 2% em relação à semana passada, segundo a AgRural. Em Sorriso (MT), a saca foi negociada a R$ 162, com alta de 1,3%.

No mesmo período, a saca de milho teve evolução de 1% em Cascavel e em Sorriso. Na cidade paranaense, foi cotada a R$ 78,5; na mato-grossense, a R$ 58.

Essa onda de calor não afeta apenas os Estados Unidos. Denominada "apocalipse de calor" se espalha pela União Europeia, Reino Unido, Canadá, Índia, regiões da América do Sul e Austrália.

Em alguns casos, como no da Itália, o calor é o maior em 70 anos, e já são esperadas perdas de produção nas lavouras.

Esse clima desfavorável dificulta a recomposição dos estoques mundiais de alimentos, que são os menores em sete anos, quando comparados com o consumo mundial. A relação entre estoque e consumo é de 26% nesta safra.

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