Em um período de mercado mundial desequilibrado, inflação em alta e custo dos insumos agrícolas pressionados, países das Américas e da África se reúnem para discutir as ameaças à segurança alimentar.
Os dois continentes enfrentam desafios comuns e, com aperfeiçoamento e avanços na transformação de seus sistemas agroindustriais, terão grande participação na solução dos problemas atuais.
A troca de experiências neste setor é fundamental entre países da região Sul-Sul.
Com esse objetivo o IICA (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura), a Auda-Nepad (Agência de Desenvolvimento da União Africana e Nova Aliança para o Desenvolvimento da África) e a Agra (Aliança para uma Revolução Verde na África) reunirão ministros de Agricultura, Ciências e de Meio Ambiente de vários países para discutir o papel da África e das Américas nos desafios relacionados à produção de alimentos e a questões ambientais.
Para Manuel Otero, diretor-geral do IICA, "neste contexto desafiante, América e África são os dois continentes chaves para garantir a seguridade alimentar e a sustentabilidade ambiental a nível global, devido aos abundantes recursos naturais, à biodiversidade e a oportunidades vindas da agricultura tropical." Segundo ele, responder a esses desafios requer também a presença dos governos.
Para Agnes Kalibata, presidente da Agra, África e América devem compartilhar ideias sobre nutrição, saúde das pessoas e necessidade de melhorar a qualidade dos alimentos e elevar a produção.
A experiência e a evolução atingida pelo Brasil na produção de alimentos serão importantes nessas discussões, principalmente pelo domínio da agricultura tropical, impulsionado pelas pesquisas da Embrapa.
Essa busca de soluções ocorre em um momento em que a segurança alimentar piora em muitos países, com uma perspectiva de deterioração contínua, segundo o IICA.
O encontro buscará construir sistemas agrícolas resilientes, sustentáveis e que possam aumentar a produtividade, a inclusão dos produtores e a sustentabilidade dos sistemas agroalimentares.
Entre os principais temas propostos para a discussão durante o evento estarão ciência, tecnologia, inovação e agricultura digital, indispensáveis para o avanço da produtividade, da inserção do produtor cada vez mais no setor e da resiliência do sistema produtivo.
A participação dos governos, com políticas públicas e inovações institucionais, também serão temas das discussões, segundo os organizadores.
O desenvolvimento agropecuário depende também de avanços nas discussões sobre as mudanças climáticas e recuperação dos recursos naturais degradados.
Os países reunidos nessa cúpula devem discutir e propor também soluções para a promoção de um comércio internacional de alimentos mais justo e transparente.
O evento, que ocorre na sede do IICA, na Costa Rica, nos dias 27 a 29 deste mês, reunirá, além de governos, representantes de organismos internacionais e do setor privado.
Preços O IPPA (índice de preços ao produtor do setor agropecuário) ficou estável no primeiro semestre deste ano, em relação a igual período anterior, segundo o Cepea.
Em queda No setor de grãos, devido às reduções de preços do milho e da soja, o índice teve queda real de 3%. Na pecuária, o recuo foi de 5,3%, mas o índice de café e de cana subiu 27,7%.
Cana O volume moído de abril a junho soma 188 milhões de toneladas, segundo Andy Duff, do Rabobank. No período, 42,6% da cana foram destinados para a produção de açúcar.
Açúcar A produção recuou para 9,7 milhões de toneladas nesta safra 2022/23, abaixo dos 12,3 milhões de igual período anterior.
Etanol As usinas, que haviam produzido 9,7 bilhões de litros de abril a junho na safra anterior, colocaram 9 bilhões nesta. Deste volume, 5,8 bilhões foram de etanol hidratado. A produção de etanol de milho soma 1 bilhão.
Mais quedas As notícias de uma safra dentro do normal nos Estados Unidos provocaram mais uma queda nos produtos agrícolas em Chicago. Nesta quarta-feira (20), a soja caiu 2%; e o milho, 1%.
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