Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Safra de grãos tem potencial para 308 milhões de toneladas em 2023

O volume depende, porém, da boa evolução do clima; a área de arroz e de feijão cai

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São Paulo

O Brasil vai em busca, mais uma vez, de um volume de 300 milhões de toneladas de grãos. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou, nesta quarta-feira (24), uma estimativa de potencial produção de 308 milhões.

Se confirmado esse volume, o país se consolida ainda mais na lista dos principais produtores mundiais de grãos, ao lado de China, Estados Unidos e Índia.

Soja e milho avançam em 2023. A produção da oleaginosa deverá subir para 150,4 milhões de toneladas, 21% a mais do que neste ano. A safra de milho poderá chegar a 125,5 milhões, 9,4% a mais do que em 2022.

Grãos de soja caidos em estrada rural durante colheita, nas proximidades de Londrina-PR - Sergio Ranalli - 4.mar.2021/Folhapress

O desempenho da próxima safra brasileira vai depender, porém, do comportamento do clima. Nos dois últimos anos, as previsões de produção não foram confirmadas devido a severas crises climáticas.

A safra brasileira de grãos sempre teve uma base firme em soja, milho e arroz, produtos que representam 92% do total de grãos.

Nas estimativas desta quarta-feira, a Conab fez previsões para soja, milho, arroz, feijão e algodão. A empresa ainda não tem as estimativas específicas para o trigo. Na safra atual e na próxima, porém, o cereal passa a ter uma representatividade maior na produção total de grãos. A produção deverá ser recorde, próxima de 10 milhões de toneladas.

O aumento na produção de trigo ocorre devido aos crescentes investimentos feitos pela Embrapa na última década. Além de variedades novas, as pesquisas da empresa focaram também novas áreas, como o cerrado, obtendo adaptação e produtividade boas nessas regiões ao longo dos últimos anos.

O aumento da produção de grãos em 2023 ocorrerá não só pelo aumento de 2,5% na área, mas, principalmente, pela esperada evolução de 11% na produtividade média das lavouras. Esse desempenho vai depender do clima.

Na safra 2021/22, o país semeou 73,8 milhões de hectares com grãos. No período 2022/23 serão 75,6 milhões.

Soja e milho são os grandes responsáveis por esse aumento. Bons preços e demanda externa vão levar os produtores nacionais a aumentar a área de soja para 42,4 milhões de hectares no período 2022/23; a de milho será de 22,1 milhões.

O aumento de área dessas duas culturas vem sendo contínuo. Na safra 2019/20, tinham sido semeados apenas 36,9 milhões de hectares com a oleaginosa e 18,5 milhões com o cereal.

O Brasil já vinha perseguindo o patamar de 300 milhões de toneladas nas safras recentes, mas as mudanças climáticas frustraram esse objetivo. Isso ocorreu principalmente na safra 2021/22.

A Conab chegou a prever um volume de 291 milhões de toneladas para o período, enquanto avaliações do mercado indicavam um potencial superior aos 300 milhões.

Guilherme Bastos, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, afirma que o país já tinha potencial para 300 milhões. Esse volume não foi obtido, mas, com os 2 milhões de hectares que serão acrescidos na safra 2022/23, esse objetivo poderá ser atingido, segundo o secretário.

No período 2020/21, a safra brasileira de grãos ficou 20 milhões de toneladas abaixo da projetada inicialmente, devido a uma quebra de 23 milhões na produção de milho.

A safrinha, produzida durante o inverno, foi afetada por seca intensa e geadas, ficando em 60 milhões de toneladas, bem abaixo dos 83 milhões previstos inicialmente.

Nesta safra, a 2021/22, foi a vez de a produção de soja ficar bem abaixo do esperado. A Conab chegou a prever uma safra de 143 milhões de toneladas, em dezembro do ano passado, mas revisou esse número para 124 milhões. Uma forte seca, principalmente na região Sul, afetou a produtividade da oleaginosa.

Os dados da Conab indicam, mais uma vez, a redução de área de plantio de produtos básicos, como arroz e feijão. Allan Silveira, superintendente de Estudos de Mercado e Gestão da Oferta da entidade, afirma que, apesar da redução de área, o abastecimento estará ajustado à demanda.

Essa redução de área ocorre devido à menor rentabilidade desses produtos, em relação aos exportáveis, como soja e milho.

A área de algodão volta a crescer e será de 1,63 milhão de hectares. Os aumentos de área em 1,9% e de produtividade em 2,9% vão elevar a produção do algodão em pluma para 2,9 milhões de toneladas, prevê a Conab.

A evolução da produção dá novo fôlego para as exportações em 2023. Serão 92 milhões de toneladas de soja, 44,5 milhões de milho e 2 milhões de algodão em pluma, segundo Silveira.

Para Sergio De Zen, diretor-executivo de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas da Conab, esses números da agropecuária mostram um ambiente de negócios muito interessante do setor.

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