Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Vaivém das Commodities

Governo incentiva alimentos básicos, que têm recuo recorde de áreas

Menor produção, mais exportações e mudanças de hábito alimentar influenciam setor

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Um dos focos do Plano Safra da Agricultura Familiar de 2023/24 é a redução de taxas no crédito para a produção de vários alimentos, entre eles arroz, feijão, mandioca, ovos e trigo.

O plano, que volta a ser específico para o setor após quatro anos de interrupção, destinará R$ 71,6 bilhões de crédito para a agricultura familiar. Somado a outros programas de apoio ao setor, o volume chega a R$ 77,7 bilhões.

As melhores condições de financiamento para os que produzem alimentos básicos, que terão taxa de 4% ao ano, poderá elevar a produção e é uma saída para as pequenas propriedades. O país tem-se voltado muito para produtos exportáveis e mais rentáveis, como a soja.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lança o novo plano Safra de Agricultura familiar - Gabriela Biló - 27.jun.2023/Folhapress

Os alimentos básicos, no entanto, não estão isentos de várias influências, que vão da competitividade dos preços internacionais às mudanças de hábitos.

Os números dos alimentos básicos no país indicam realmente a necessidade de uma recomposição da produção desses produtos. Neste ano, a produção de arroz caiu para o menor patamar em 25 anos, ficando próxima de 10 milhões de toneladas.

A área destinada a esse cereal recuou para 1,47 milhão de hectares, bem distante dos 3,25 milhões de há 25 anos. O aumento da produtividade, que subiu para 6.796 kg por hectares --2.605 kg na safra 1997/98-- ajudou a abastecer o mercado.

Os produtos básicos têm pesado no bolso do consumidor, e a menor oferta influencia no valor do produto. Este não é o único motivo, no entanto. O país não é um mercado isolado, e os preços externos, quando competitivos, forçam a saída dos produtos básicos. É o caso do arroz, cujas exportações têm aumentado muito.

Por pressão da menor oferta ou por aumento das exportações, a alta dos produtos chega à inflação e ao bolso do consumidor.

Se o governo realmente der condições de produção aos pequenos produtores, a oferta de alimentos poderá aumentar, mas os preços de boa parte deles não vão ficar muito distantes dos do mercado externo.

Da parte do agricultor familiar, no entanto, preços básicos mais remuneradores garantem renda e estabilidade. A conta termina no supermercado e no bolso do consumidor.

A mandioca, outro alimento que deverá ser incentivado pelo novo plano do governo, está, atualmente, com a menor área de produção, somando 1,24 milhão de hectares. Há duas décadas eram 2 milhões.

Com isso, a produção, que era de 27 milhões de toneladas, caiu para 18 milhões. Boa parte da área da mandioca foi ocupada pela soja, e os preços dispararam recentemente. Além da menor oferta, o Brasil começa a descobrir o mercado externo.

O feijão tem a menor área de plantio desde que a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) começou a acompanhar a evolução do produto, na década de 1970. O volume de produção cai e está em 3 milhões de toneladas, mas é garantido, em boa parte, pelo aumento de produtividade.

A queda na área de produção e na oferta de alimentos básicos tem, ainda, o componente da mudança de hábito dos consumidores, o que pesa na decisão do produtor na hora do plantio.

Alguns produtos, porém, têm direção contrária. É o caso do ovo, que também terá taxa menor no crédito para incentivo de produção. Em 2022, a produção brasileira atingiu 52,1 bilhões de unidades, bem acima dos 31,8 bilhões de há dez anos. O consumo nesse período, no entanto, subiu de 161 unidades para 241 per capita, segundo dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

Gripe aviária O primeiro caso em aves de fundo de quintal começa a surtir efeito nas exportações brasileiras. O Japão interrompeu as compras do Espírito Santo, estado que é responsável por 0,2% das vendas externas de carne de frango do Brasil.

Gripe aviária 2 No ano passado, os japoneses foram o terceiro maior importador de carne de frango do Brasil. O Japão importou 420 mil toneladas, 9% do que foi exportado pelo Brasil.

Contrariando a OMSA O Brasil contesta a decisão do Japão de interromper as importações do Espírito Santo. A Organização Mundial de Saúde Animal determina que os países membros não devem suspender o comércio, a menos que a doença ocorra em produção industrial.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.