Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Descrição de chapéu Rússia

Preço do trigo e do milho dispara com bloqueio no mar Negro

Impactos no Brasil, no entanto, não deve ser o mesmo do início da Guerra da Ucrânia

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A não renovação pela Rússia do acordo que permitia à Ucrânia exportar grãos pelo mar Negro traz novas preocupações ao abastecimento mundial de alimentos.

No acumulado da terça-feira (18) e da quarta-feira, os preços do trigo tiveram reajuste de 11,3% na Bolsa de Chicago. Os do milho subiram 9,3%. Os dois cereais estão na lista das exportações da Ucrânia.

A alta ocorre em um momento em que os preços internacionais dos alimentos estão em queda. O Índice de Preços de Cereais de junho da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) aponta uma retração de 23,9% nos últimos 12 meses.

Apesar da importância da Ucrânia e da Rússia na oferta mundial de cereais, os preços não devem tomar as mesmas proporções do primeiro semestre do ano passado, após a invasão russa em território ucraniano.

A produção global de cereais sobe e deverá atingir 2,8 bilhões de toneladas na safra 2023/24, com alta de 1% sobre a anterior. A de milho vai a 1,22 bilhão, e a de trigo, a 797 milhões.

A queda atual dos preços vem ocorrendo devido à maior produção mundial e a uma pressão menor das importações, uma vez que muitos países já refizeram seus estoques. Além disso, os efeitos climáticos adversos que ocorreram em anos anteriores, inclusive no Brasil, não se repetiram com tanta gravidade.

A situação dos produtores da Ucrânia, no entanto, se agrava. Sem a saída pelos portos do mar Negro, o escoamento tem de ser feito via terrestre ou pelo rio Danúbio, com infraestrutura precária.

Os custos aumentam, e os preços caem, uma vez que os países vizinhos da Ucrânia querem reduzir as compras dos produtos ucranianos em seus territórios. O aumento da oferta de cereais ucranianos derruba os preços dos produtores desses países vizinhos.

A conta volta para os agricultores ucranianos, que já estão com custos elevados de produção e queda na área de plantio, devido à invasão russa. A produção de trigo da Ucrânia, após ter atingido 33 milhões de toneladas há duas safras, deverá recuar para 17,5 milhões em 2023/24. As exportações, que eram de 21 milhões, em 2019/20, vão recuar para 10,5 milhões.

A guerra está reduzindo também a área de outras culturas, como girassol e milho. Em 2021/22, a produção de milho foi de 42 milhões de toneladas. Na safra 2023/24, os ucranianos deverão obter apenas 25 milhões, e as exportações caem para 19 milhões de toneladas, conforme estimativas do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

O corredor de exportação pelo mar Negro, que agora está suspenso, foi importante para que os ucranianos colocassem sua produção de grãos no mercado externo. Foram escoados 32,9 milhões de toneladas de produtos no período, segundo dados da ONU.

Saíram por esse corredor 16,9 milhões de toneladas de milho e 8,9 milhões de trigo. A China foi a maior beneficiada, adquirindo 8 milhões de toneladas de cereais da Ucrânia. A Espanha ficou com 6 milhões, e a Turquia, com 3,2 milhões.

Os estoques mundiais melhoram, devido às safras recordes que vêm ocorrendo em vários dos principais produtores mundiais de grãos. Os de trigo representam 33% do consumo mundial anual; os de milho, 26%.

O Brasil está bem posicionado nas duas culturas. A safra de milho dever ser recorde em 2022/23, atingindo 126 milhões de toneladas, volume que poderá ser ainda maior na próxima.

O trigo, após o recorde de 2022/23, tem potencial para 11,5 milhões em 2023/24, segundo a consultoria StoneX.

Os dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indicam 10,5 milhões de toneladas para as duas safras.

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