Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Vaivém das Commodities

Em ano de recordes, área de arroz e feijão é a menor em 46 anos

Produção total de grãos vai a 320 milhões de toneladas, mas a de cereais cai

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O país terá uma safra de grãos ainda maior do que se esperava. Serão 320 milhões de toneladas neste ano, conforme estimativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), divulgada nesta quinta-feira (10).

Os números referentes a arroz e feijão, no entanto, vão na contramão dessa evolução da produção no país. Os dois produtos, básicos à mesa do consumidor, têm a menor área de cultivo em 46 anos.


A área de arroz, que somava 6,6 milhões de hectares no início da década de 1980, vem recuando com o avanço da soja, e, após cair para 3,7 milhões no início dos anos 2000, está em apenas 1,4 milhão neste ano.

Colheita de arroz em São Borja (RS) - Claudio Fachel/Palácio Piratini


A produção do cereal, mais uma vez reduzida pela Conab nesta quinta-feira, recua para 10 milhões de toneladas, o menor volume em 25 anos. Há seis anos, o país produzia 12,3 milhões.


A área de feijão, que também perde espaço para outras culturas exportáveis e superava 6 milhões de hectares nos anos 1980, está em 2,7 milhões.

Ambos os produtos, no entanto, tiveram grande evolução na produtividade. O arroz saiu de três toneladas por hectare nos anos 2000 para as atuais sete. O feijão, que estava em 668 kg, atinge 1.133, conforme as novas estimativas da Conab.

Safra menor e pressão da demanda externa fazem com que o país termine esta safra com um estoque de arroz suficiente para dois meses. No ano passado, o estoque era suficiente para três.

O presidente da Conab, Edegar Pretto, diz que a redução de oferta de arroz, feijão e outros produtos básicos necessita de uma implementação de política agrícola.


Segundo ele, a Conab acompanha a produção de alimentos que estão em queda e está de olho em uma política pública que aumente a oferta desses produtos que vão à mesa do consumidor.


O órgão traz mensalmente o desempenho de safra de 16 produtos, e a maioria deles está com boa evolução, obtendo inclusive produções recordes.


O carro-chefe é a soja. Neste ano atingirá um volume de 155 milhões de toneladas, 23% a mais do que no ano passado. A safra total de milho deverá render 130 milhões de toneladas, com alta de 15%.

Plantação de sorgo no interior de São Paulo - Alf Ribeiro/Folhapress


O algodão volta a ganhar ritmo, com produção recorde prevista em 3 milhões de toneladas de pluma, 19% a mais do que na safa anterior. O sorgo, um produto que se adapta a condições de estresse climático, terá uma safra recorde de 4,6 milhões de toneladas, com aumento de 48%.


No caso do trigo, a produção deverá ficar em 10,4 milhões de toneladas, mas essa estimativa leva em consideração, ainda, probabilidades estatísticas, que têm como base a produtividade de anos anteriores.


Algumas estimativas de mercado já preveem uma safra superior a 11 milhões de toneladas, principalmente com o avanço do cereal no Paraná.


Com a produção nacional recorde de grãos, Mato Grosso supera a marca dos 100 milhões de toneladas. Paraná é o segundo maior produtor, com 45,5 milhões, seguido de Goiás, que colocará 32,1 milhões de toneladas no mercado.


O Brasil, líder mundial em exportações de soja, carne bovina, carne de frango, café, suco de laranja e celulose, acrescenta mais dois produtos nessa liderança neste ano: milho e farelo de soja.


No caso do milho, os Estados Unidos voltarão a assumir a liderança mundial. O mesmo ocorre com o farelo, que tem a Argentina como maior exportadora mundial. Neste ano, devido à quebra de produção, os argentinos não conseguiram manter o mesmo patamar de vendas externas.

Brigando com os números O presidente da Conab, Edegar Pretto, no anúncio de estimativa de safra nesta quinta-feira, destacou a produção de 310 milhões de toneladas de grãos do país, com ênfase para os 100 milhões do Paraná. O volume total, porém, é de 320 milhões, e a produção de 100 milhões é referente a Mato Grosso.


Ucrânia O fim do acordo de exportações de grãos pelo mar Negro traz problemas para Ucrânia e para países de baixa renda. As pressões inflacionárias para o Brasil, no entanto, são menores.


Ucrânia 2 A avaliação é de analistas do Itaú BBA. Para eles, a oferta de trigo, tanto do Brasil como da Argentina, será boa. Além disso, a disponibilidade de milho é maior, devido à safra atual e às perspectivas de de bons volumes na próxima.


Ritmo dos EUA Ao contrário do Brasil, os Estados Unidos estão com retração das exportações do agronegócio neste ano. No primeiro semestre, o país exportou US$ 89,3 bilhões, 10% a menos do que em igual período anterior.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.