Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Descrição de chapéu alimentação

Eficiência do pecuarista ajudou na queda dos preços da arroba

Após forte retração, valor do boi gordo volta a subir no mercado paulista

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A arroba de boi iniciou uma recuperação nas últimas semanas, após forte redução. A queda no segundo semestre deste ano ocorreu, em parte, devido à eficiência do próprio setor.

Entre os motivos da retração nos preços não faltaram também uma queda de braços nas negociações com a China e perda interna de renda do consumidor.

Em outubro de 2019, a arroba valia R$ 163, valor que subiu para R$ 262 no mesmo mês de 2020, e continuou subindo até atingir R$ 350 em março de 2022.

Imagem mostra rebanho bovino, com um animal à frente dos demais
Rebanho bovino em fazenda. Arroba do boi gordo está cotada em cerca de R$ 240 nos dias atuais - Divulgação

Preços elevados e exigências do mercado externo, inclusive a necessidade de novas normas para o chamado "boi China", estimularam o pecuarista a investir mais em genética, nutrição e sanidade.

Esses investimentos refletiram neste ano, segundo Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). O primeiro semestre foi o de maior produção de carne bovina no país desde que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mantém esse acompanhamento.

Essa maior oferta ocorre em um momento em que a China, embora continue presente no mercado brasileiro, comprou menos do que em 2022, principalmente após o episódio da vaca louca atípica no primeiro trimestre.


Com participação de 53% nas compras do produto exportado pelo Brasil, a China interfere também nos preços internos. Em maio e junho de 2022, os chineses pagavam US$ 7,3 por quilo de carne brasileiro. Agora estão pagando US$ 4,46.

O setor, além de receber menos pela carne, tinha custos elevados. Em 2022, houve uma redução das inseminações e foi iniciado um abate maior de vacas, aumentando a oferta de carne, afirma Carvalho.
Com preços desfavoráveis, os pecuaristas adiaram a primeira rodada de confinamento, retardando a oferta de boi pronto para o abate.

No início de setembro, os chineses estiveram bastante ativos nas compras, forçando uma recuperação dos preços. No início do mês passado, a arroba estava abaixo de R$ 200. O Cepea registrou R$ 233 nesta quarta-feira (11).

O animal confinado vai aparecer, mas a China está refazendo estoques e o final de ano é um período de maior renda e de aumento da procura interna pela proteína, o que garante demanda. Carvalho acredita que, como aponta o mercado futuro, a recuperação de preços deve continuar.

O cenário é bom também para as exportações. A pecuária dos Estados Unidos, país concorrente do Brasil, entrou em um nova fase. A oferta interna diminui, e os preços sobem. O país passou a ser importador líquido da proteína.

Parte dos mercados de ponta, como Coreia do Sul e Japão, tradicionais importadores dos americanos, poderão se interessar mais pelo produto brasileiro. Os investimentos realizados permitem ao pecuarista atender esses mercados que querem um produto de melhor qualidade e de maior valor agregado.

O grande desafio do Brasil começou com a China, que trouxe uma dinâmica de mercado que exige do pecuarista um giro mais rápido da produção e melhorias nas pastagens.

Acelerando O faturamento da concessionária John Deere da Cocamar saiu de R$ 120 milhões, em 2016, quando a cooperativa adquiriu a Solomar Maringá, para R$ 1 bilhão neste ano.

Brasil perde... Em janeiro deste ano, o Brasil era o líder nas exportações de carne bovina para os Estados Unidos. Os brasileiros forneceram 29% do que os americanos importaram naquele mês.

...espaço nos EUA Em agosto, as vendas brasileiras se limitaram a apenas 7,6% do volume importado pelos americanos, segundo dados do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

Quanto importa Em agosto, os americanos compraram 152 mil toneladas de carne bovina no mercado internacional.

Trigo Os gaúchos colheram 11% da área semeada no estado. As condições climáticas adversas devem reduzir o potencial de produção esperado.

Arroz O plantio do cereal, que deverá atingir 902 mil hectares nesta safra 2023/24, está atrasado em várias regiões. A produtividade esperada para esta safra é de 8.359 kg por hectare, segundo a Emater/RS.

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