Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Descrição de chapéu Agrofolha alimentação

Após recorde, safra de grãos recua em 2024, ano de El Niño

Produção de arroz e de feijão aumentam, segundo a Conab

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Após o recorde deste ano, a safra brasileira de grãos para de subir. O primeiro levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) referente a 2023/24 indica uma produção de 317,5 milhões de toneladas. Se confirmado, o volume ficará 1,6% inferior aos 322,5 milhões do período anterior.

Clima e preço serão dois dos principais itens de peso na mudança de rumo de alguns produtos. A produção de soja mantém a escalada e poderá chegar a 162 milhões de toneladas, 4,8% acima do volume do período anterior.

A de milho, no entanto, recua para 119,4 milhões, com queda de 9,5%. Já a produção de arroz, o terceiro produto na lista dos mais importantes, terá ganho de área e de volume. As safras de arroz, milho e soja representam 92% da produção brasileira de grãos. O café não está incluído nesse cálculo.

Colheitadeira em plantação de soja em Salto do Jacuí (RS)
Colheitadeira em plantação de soja em Salto do Jacuí (RS) - Silvio Ávila - 6.abr.2021/AFP

A Conab prevê a próxima safra com base no potencial de cada produto, tomando como referencial estimativa de área e de produtividade histórica. Este, no entanto, é um ano de El Niño, quando há um excesso de chuva no Sul e redução em outras áreas do país. A severidade dessas ocorrências vai determinar o volume a ser produzido.

A rentabilidade está sendo decisiva para a opção dos produtores nesta safra que se inicia. A queda de 5% na área de milho se deve à retração dos preços internos do cereal. Já a evolução de 5% na de arroz ocorre devido à elevação da saca do produto para um valor superior a R$ 100.

A soja mantém a tendência dos últimos anos e terá uma área recorde de 45,2 milhões de hectares, com possibilidade de produção de 162 milhões de toneladas, mantendo a hegemonia brasileira nesse mercado.

A queda dos preços do milho permitiu que a soja ocupasse parte da área que seria destinada a esse cereal na safra 2023/24.

Já a alta dos preços do arroz garante que o cereal retome parte da área que havia perdido para a soja nos anos recentes. A área de arroz irrigado cresce 5,8%; e a de sequeiro, 2,4%. No Nordeste, a evolução será de 18%. A produção de arroz sobe para 10,8 milhões de toneladas, estima a Conab.

A safra total de milho recua devido às quedas de 5% tanto na área como na produtividade. A segunda safra do cereal, a chamada safrinha e a principal do país, terá uma produtividade média de 5.561 kg por hectare, 6,5% a menos do que neste ano. Com isso, a produção de inverno, após ter chegado a 102 milhões de toneladas neste ano, cai para 91 milhões no próximo.

Um dos objetivos do atual governo é elevar os estoques de produtos básicos. O de arroz, com o aumento da produção para 10,8 milhões de toneladas, deverá subir para 1,85 milhão na passagem desta safra para a próxima.

O volume final de feijão fica próximo de 500 mil toneladas, na avaliação da Conab. Se o objetivo for atingido, será o maior estoque em uma década.

As colheitas menores de trigo e de milho, ao contrário do que ocorre com arroz e feijão, vão reduzir os estoques de passagem desta safra para a seguinte.

As exportações do próximo ano perdem força no milho, mas ganham em outros produtos. O governo prevê que 38 milhões de toneladas do cereal deverão sair pelos portos brasileiros em 2024, longe do recorde de 52 milhões deste ano. Algodão, arroz e trigo, conforme as previsões iniciais, manterão estabilidade nas exportações.

O aumento da produção de soja para 162 milhões de toneladas permitirá um avanço nas vendas externas, que poderão atingir 102 milhões de toneladas de grãos no próximo ano. As de farelo estão estimadas em 21,5 milhões, e as de óleo, em 1,9 milhão.

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