Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities
Descrição de chapéu alimentação

Após um 2022 gordo, produtor vai fechar 2023 com preço bem menor

Arroz e açúcar se destacam na alta; milho, soja e trigo, na baixa

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Após um 2022 histórico para o produtor, as cotações deste ano perderam força. Poucos produtos, como açúcar e arroz, mantiveram uma média de preços de negociação acima da do ano anterior.

O açúcar, que esteve em R$ 134 por saca de 50 kg no ano passado, está em R$ 142 neste. Equilíbrio entre oferta e demanda no mercado mundial e produção menor nos países concorrentes do Brasil mantiveram valores elevados neste ano. Com os preços internacionais aquecidos, as vendas externas são mais rentáveis para as usinas do que as internas.

O arroz também segue uma escalada de preços, com média anual de R$ 92 por saca no Rio Grande do Sul, acima dos R$ 76 de 2022. Os preços atuais já superam R$ 120 por saca, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Plantação de cana na região de Ribeirão Preto, interior de São Paulo - Joel Silva/Folhapress

Os valores internos refletem os do mercado externo, que tem oferta reduzida e demanda aquecida. Além de redução de produção em países importantes para o mercado externo, há restrições às exportações em outros, como na Índia.

Os preços favoráveis no mercado interno animaram os produtores, que deverão ampliar a área de cultivo neste ano, após um longo período de queda no espaço dedicado ao cereal.

Algumas quedas são bastante sensíveis para os produtores, após os preços recordes de 2022. Entre elas, as de café, trigo, soja e milho.

O trigo termina novembro com média mensal de R$ 1.329 por tonelada para os produtores do Paraná. Segundo o Cepea, esse valor é bem inferior à média anual de R$ 1.891 atingida em 2022.

Os preços caem porque o mercado internacional se ajustou a um novo cenário, após a aceleração ocorrida por causa da invasão da Ucrânia pela Rússia. Além disso, parte da produção nacional, afetada pelo clima, tem qualidade inferior ao que se esperava.

A demanda externa pela soja brasileira permitiu preço médio anual de R$ 184 no ano passado no Paraná. Neste mês está em R$ 137. A demanda externa pela oleaginosa foi aquecida em 2022, e o Brasil era o país que mais tinha soja para oferecer ao mercado internacional.

Uma das principais preocupações dos produtores é com o milho. Os preços caem e eles devem tomar a decisão sobre o quanto semear na safrinha de 2024. A avaliação tem de ser criteriosa, uma vez que este é um período de clima bastante incerto. A média anual da saca de milho foi de R$ 92 em 2021, recuou para R$ 88 no ano passado e está em R$ 66 neste.

O preço do café arábica caiu de um valor médio de R$ 1.261 no ano passado para R$ 952 neste. Se considerada a média de novembro, os valores já recuaram para R$ 902, segundo o Cepea.

Cultivo de café em fazendas no Espírito Santo
Cultivo de café no Espírito Santo - David Lucena/Folhapress

A oferta menor de café em vários países produtores e as geadas no cafezal brasileiro há duas safras reduziram a oferta mundial, provocando alta dos preços. Embora o clima ainda preocupe, os preços se ajustam à nova realidade de oferta.

O leite, após ter atingido R$ 3,57 por litro em julho do ano passado no preço pago ao produtor, segundo dados do Cepea, esteve em R$ 2,05 em setembro. Maior captação interna e importações acentuadas forçam a queda dos preços.

A proteína animal continua bastante dependente do mercado externo, que ainda se mantém aquecido. Os preços internacionais das carnes, principalmente o da bovina, têm forte queda.

A arroba de boi gordo, negociada a R$ 318, em média, em 2022, está em R$ 255 neste ano. As exportações continuam aceleradas nos últimos meses, mas os preços externos estão 20% inferiores aos de há um ano.

O frango, com queda não tão acentuada como a do boi no mercado externo, mantém média de R$ 6,75 por kg de carne resfriada neste ano, abaixo dos R$ 7,6 de 2022.

A carne suína subiu para R$ 6,71 por kg nas granjas paulistas neste ano, devido à demanda externa, e o preço da tilápia foi a R$ 9,2 por quilo, também superior ao de 2022.

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