Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities
Descrição de chapéu alimentação

Queda de margens será maior preocupação para produtor em 2024

Custos caem, mas preços já não são tão favoráveis, avalia banco

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As perspectivas para a produção agropecuária brasileira de 2024 continuam boas, embora o resultado final dependa da evolução do clima, que, nos últimos anos, vem interferindo muito no setor.

A próxima safra se apresenta, no entanto, com uma grande preocupação para os produtores com relação às margens. Os custos de produção caíram, mas os preços atuais das commodities estão bem distantes do pico registrado a partir de 2020.

Ao avaliar as perspectivas para o agronegócio em 2024, analistas do Rabobank preveem redução da pressão dos insumos na produção e uma continuidade da demanda por esses produtos.

Com a queda dos preços dos insumos neste ano, os custos de produção de soja e milho da safra 2023/24 recuam 16% e 5%, respectivamente, em Mato Grosso, principal estado produtor.

O alívio virá também para produtores de café, cana-de-açúcar e citricultores. O custo da adubação nesses setores ficará entre 35% e 39% abaixo dos da safra anterior, segundo os analistas do banco.

A queda nos preços do adubo fará com que as entregas desse insumo subam para 45 milhões de toneladas no próximo ano, 2,5% a mais do que neste.

Já o consumo de defensivos ainda está incerto, uma vez que os produtores aguardam por mais queda nos preços e adiam compras. Na avaliação dos analistas, o custo das sementes será menor.

A área de plantio com soja sobe para 45,3 milhões de hectares, com evolução de 2,5%, mas o setor será marcado por uma redução de margens.

A produção sobe para 163 milhões de toneladas em 2023/24, com possibilidade de exportações de 100 milhões e esmagamento interno de 54 milhões.

Pulverização contra pragas em plantação de soja no norte do Paraná
Pulverização contra pragas em plantação de soja no norte do Paraná - Mauro Zafalon

A margem das indústrias também será afetada neste ano, devido à volta da Argentina no fornecimento mundial de farelo e óleo de soja. Com a quebra da produção de soja na Argentina neste ano, o Brasil ocupou boa parte do mercado internacional desses produtos.

O milho, com preços baixos e perspectivas de margens reduzidas, terá um plantio de 22,3 milhões de hectares, abaixo da área de 2022/23. A produção cai 5%, para 127 milhões de toneladas, e as exportações recuam para 48 milhões.

O atraso no plantio da soja, devido às irregularidades das chuvas, deve retardar a semeadura do milho, que ocorre logo após a colheita da oleaginosa. A perda da janela ideal de plantio reduz a produtividade.

A safra 2023/24 de cana-de-açúcar foi de grande volume e com preços excepcionais. O cenário dos preços poderá se repetir em 2024/25. Índia e Tailândia têm problemas com suas safras.

A moagem de cana em 2024/25 deverá recuar para 610 milhões de toneladas no centro-sul, 2,4% a menos do que a de 2023/24. Vai ser uma safra mais açucareira, devido aos preços internacionais. A produção de açúcar sobe para 40,9 milhões de toneladas, e a de etanol recua para 31,7 bilhões de litros.

Trator carrega cana-de-açúcar em usina de açúcar do Grupo Moreno em Ribeirão Preto (SP) - Nacho Doce/Reuters

O Rabobank prevê uma safra de café de 66 milhões de sacas em 2023/24, com alta de 10%. Considerando a colheita de 2023 e o cenário de uma boa colheita em 2024, as exportações ficam entre 40 milhões e 42 milhões de sacas (julho a junho), e os preços médios do próximo ano estarão em US$ 1,5 por libra-peso.

A área a ser semeada com algodão sobe para 1,8 milhão de hectares em 2023/24. A fibra ganha espaço do milho, que tem margem reduzida e atraso no plantio. Após o recorde de 3,2 milhões de toneladas neste ano, a produção de algodão deverá ficar em 3 milhões em 2023/24.

O cenário é desafiador para a citricultura. A produção brasileira de suco recua para 900 mil toneladas na safra 2023/24, e a mundial fica em 1,4 milhão. Preço elevado do suco e perda de renda do consumidor interferem na demanda.

Essa menor oferta de suco e alta do produto final no varejo vão garantir bons preços para os produtores em 2024.

Plantação de soja no norte do Paraná
Plantação de soja no norte do Paraná - Mauro Zafalon

O setor de proteínas também apresenta melhoras no próximo ano. A produção de carne bovina sobe para 9,1 milhões de toneladas, com alta de 1,5%, e as exportações devem chegar a 2,25 milhões, 2,5% a mais do que em 2023.

Importações da China e consumo interno devem permitir essa expansão. O Brasil enfrentará, no entanto, uma competição mais acirrada de Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos. Os preços médios menores exigem mais eficiência e produtividade dos pecuaristas.

Para os analistas do Rabobank, a produção de carne suína cresce 3,5%, atingindo 5,2 milhões de toneladas em 2024. Custos menores e aumento das demandas interna e da China vão permitir uma margem melhor para os produtores. As exportações, com alta de 4%, sobem para 1,21 milhão de toneladas.

A produção de frango mantém o ritmo de crescimento, com a produção estimada de carne em 15,88 milhões de toneladas no próximo ano. As exportações crescem 3,5%, para 5,1 milhões.

Os preços médios do próximo ano deverão ser semelhantes aos do segundo semestre deste, segundo estimativas do banco.

O mercado de leite viveu um cenário de demanda abaixo do esperado e oscilação na oferta do produto neste ano.

A captação pela indústria, que deverá ser de 23,7 bilhões de litros, sobe para 24 bilhões em 2024. O preço médio pago ao produtor por litro será de R$ 2,55, com reajuste de 4,1% em relação ao deste ano.

Os preços do leite se recuperam no mercado internacional, e as importações brasileiras, bastante acentuadas neste ano, vão depender do câmbio em 2024. A moeda americana deverá valer R$ 5,15 no próximo ano, prevê o banco.

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