Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Vaivém das Commodities
Descrição de chapéu alimentação inflação

Após sete meses em alta, arroz cai pela 1ª vez nos supermercados

Com menor pressão do El Niño, hortaliças também têm redução de preço, diz Fipe

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Passado o efeito mais crítico do El Niño, os produtos "in natura", que vinham pressionando o bolso dos consumidores, estão com comportamento mais moderado.

Os dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), referentes a março e divulgados nesta quarta-feira (3), indicam que os alimentos "in natura" ainda se mantêm em alta, mas com a menor taxa de evolução em seis meses.

O arroz, com a colheita avançando sobre um terço da área semeada, registrou a primeira queda de preços para o consumidor após sete meses em alta.

Arroz - Unsplash

A menor oferta do produto no mercado interno nos últimos meses provocou uma alta acumulada de 30% nos preços de abril do ano passado a março último.

O feijão, que deu trégua para o consumidor no segundo semestre do ano passado, acumula alta de 16% no primeiro trimestre deste ano.

A Fipe inclui no grupo "in natura" frutas, legumes, verduras, ovos e os chamados tubérculos (batata, cebola e alho). As verduras, pela primeira vez registraram uma taxa negativa desde outubro do ano passado.

Na média, os preços das verduras recuaram 0,31% em março. Apesar da queda, a taxa acumulada no primeiro trimestre ainda é de 8%, mostrando os efeitos do clima sobre a produção e oferta desses produtos.

Os legumes, puxados pelo tomate, tiveram reajuste de 2,64% no mês passado, abaixo dos 4,9% de fevereiro. Esse era um setor que vinha pesando muito no bolso do consumidor, devido à alta de 9,5% no primeiro trimestre.

Já as frutas mantêm altas seguidas por nove meses. O setor é influenciado pela correção dos preços de banana, mamão, melão e laranja. Esta última acumula aumento de 34% nos últimos 12 meses, e só terá uma oferta maior em maio, após a entressafra.

João Paulo Bernardes Deleo, pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) diz que o consumidor terá boas notícias a partir de agora. Já há uma tendência de queda em verduras e legumes, mas cada uma das culturas tem seu calendário específico.

Passado o efeito do excesso de chuva, provocado pelo El Niño, o produtor terá um controle maior da safra, obtendo melhor produtividade, principalmente com irrigação quando a planta necessitar de água.

Deleo diz que essa acomodação e até retração dos preços já começou e que vai ficar mais presente a partir dos próximos meses na safra de inverno, com maiores quedas em julho.

Segundo pesquisador, os preços ficam mais favoráveis para o consumidor até outubro, desde que não ocorra nenhuma anomalia na produção. A partir de novembro é iniciada a safra de verão.

As frutas têm um cenário um pouco diferente. Fernanda Geraldini, pesquisadora do Cepea, diz que o primeiro semestre sempre é de uma oferta menor.

Neste ano, há um excesso de chuvas no Nordeste, afetando o ciclo de desenvolvimento das plantas, e um volume menor no Sudeste. Qualidade e produtividade são afetadas.

Segundo a Fipe, a alimentação, na média geral, está com pressão menor neste mês do que no anterior. A alta foi de 0,78%.

A pressão de alguns produtos, no entanto, ainda continua forte no índice geral. Em março, apenas cinco itens do setor (leite, cebola, banana, tomate e feijão) foram responsáveis por 54% da composição da taxa geral de inflação, que ficou em 0,26% em São Paulo.

Outros cinco (batata, contrafilé, óleo de soja, alcatra e maracujá), no entanto, tiveram queda, impedindo uma alta maior do índice geral.

A carne bovina, sem reação dos preços do boi gordo no pasto, continua em queda. Já o leite é um dos focos de maior pressão neste início de ano, com alta de 10% nos supermercados.

A elevação de preços do leite para o consumidor é reflexo da menor oferta. Há quatro meses que o preço do produto sobe no campo, devido a uma captação menor.

Proteínas O brasileiro terá à disposição o recorde de 102 quilos de carne para consumir durante este ano. Isso é uma média, levando em consideração o total da população. Claro que muitos ficarão distantes desse patamar.

Proteínas 2 Os dados são da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que estima uma produção total de 31 milhões de toneladas de carnes (bovina, suína e de frango) para o ano.

Exportações Deste volume, 10 milhões de toneladas serão exportadas, ficando 21 milhões no mercado interno.

Liderança A maior produção será de carne de frango, que atingirá 15,4 milhões de toneladas. A produção de carne bovina sobe para 10 milhões, e a de suínos, para 5,5 milhões.

Ovos O país produzirá 41,1 bilhões de ovos neste ano, uma média de 200 unidades por pessoa.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.