Vinicius Torres Freire

Jornalista, foi secretário de Redação da Folha. É mestre em administração pública pela Universidade Harvard (EUA).

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Internações de UTI de Covid voltam a crescer em São Paulo

Novas hospitalizações vão a 400 por dia; já foram 3.000, mas é preciso vacinar crianças

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Mais gente voltou a ser internada em UTIs de Covid no estado de São Paulo. O aumento parece agora inequívoco e da ordem de 50% desde 10 de dezembro. É preciso dizer desde já que esses "50%" não são alarmantes como teriam sido em momentos mais terríveis da doença. Ainda assim, é preciso tomar medidas como a vacinação de 20 milhões de crianças, logo, o que Jair Herodes Bolsonaro quer atrapalhar.

Pelo menos por enquanto, não é assim tão alarmante. Trata-se de um crescimento de cerca de 270 novas internações em UTI por dia para algo perto de 400. O estado já teve 3.000 novas internações por dia em fins de março, pico do horror.

Mas parece haver pelo menos um repique da doença, a partir de patamar menor. Os dados de internados em UTIs da cidade de São Paulo seguem mais ou menos a mesma tendência.

Equipe de profissionais da saúde cuida de paciente com Covid internado em UTI no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP) - Divulgação - 3.abr.21/HC

A ideia aqui não é causar alarmismo. Mas notar pelo menos que: 1) Houve algum repique; 2) Acaba de começar a temporada de viagens de férias, de festas e aglomerações; 3) A ômicron chegou, embora não saibamos quanto estrago a variante causa, em geral, menos ainda especificamente na situação brasileira; 4) Não sabemos bem o que se passa, pois desde o dia 11 de dezembro não há registro de mortes e casos de São Paulo.

"Não houve atualizações das informações de casos e óbitos entre os dias 11 e 22 de dezembro em virtude de problemas no sistema federal de notificação de dados da Covid-19", diz o boletim oficial do governo do estado de São Paulo.

No Reino Unido, ômicron se tornou dominante (causa a maioria dos novos casos sabidos) em menos de um mês depois do primeiro registro oficial de infecção causada pela variante. O número de novos casos no país é recorde. Mas, pelo menos nos últimos dias, o número de mortes tem caído.

Nos Estados Unidos, no entanto, o número de mortes estava em número ainda muito alto e voltou a subir depois da ômicron (não se sabe se por causa da ômicron). A taxa diária de mortes americana agora está em 6,3 por milhão, mais ou menos a mesma da Alemanha. Se a taxa do Brasil fosse essa, estariam morrendo mais de 1.300 por dia (antes do apagão de dados, no dia 10 de dezembro, estavam morrendo cerca de 150 pessoas por dia por aqui).

Não quer dizer que: 1) A ômicron vá se espalhar tão rápido pelo Brasil; 2) Que vá causar mais ou menos mortes que a delta —simplesmente ainda não temos como saber.

Pelo menos na pesquisa Datafolha, os brasileiros dizem que serão cuidadosos: 62% afirmam que não vão fazer festas de final de ano com pessoas que não moram com elas, na mesma casa. No ano passado, eram 74%. Sim, diminuiu. Mas, depois de quase dois anos de distanciamento, ainda é um número considerável.

No entanto, apenas alguns eventos de aglomerações irresponsáveis podem espalhar vírus. Muito provavelmente, não vai ser como antes. No Brasil, 79,6% das pessoas com 12 anos ou mais já completaram a vacinação (equivalente a 66,5% da população total). O estado de São Paulo já vacinou 92,5% dos maiores de 12 anos e 78% da população total. Há ainda os que tomaram apenas a primeira dose e podem ter sido infectados. No estado, quase 22% dos maiores de 12 anos já tomaram dose de reforço, além do mais.

É certo que ficou inviável política, social e psicologicamente voltar a medidas duras de fechamento e distanciamento —a não ser, claro, em caso de catástrofe nova maior. É possível que, por muito tempo, a Covid seja uma endemia intensa de uma doença grave. Mas temos de fazer o possível em termos de prudência e vacinar nossos 20,5 milhões de crianças de 5 a 11 anos. Salvaria crianças, mães, pais, avós e cuidadores em geral.

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