Dois meses antes do centenário da Semana de Arte Moderna, um projeto do Sesc reúne pela primeira vez gravações integrais com tudo o que foi apresentado em um dos principais marcos da história cultural do país.
Em quatro álbuns acompanhados de fortuna crítica, serão veiculadas todas as músicas, palestras e poemas apresentados durante os três dias de festival, na mesma ordem em que aconteceram.
Ou seja, será uma oportunidade quase imersiva de entender como foi o evento, com leituras de poemas de Guilherme de Almeida e Sérgio Milliet, conferências célebres de Mário de Andrade e Graça Aranha, entremeadas por apresentações revolucionárias de Heitor Villa-Lobos.
Idealizadas pelas pesquisadoras Claudia Toni, Flávia Camargo e Camila Fresca, as gravações do projeto "Toda Semana" têm no quadro de intérpretes o maestro e violinista Cláudio Cruz, que assina a direção musical, o pianista Cristian Budu e os cantores Homero Velho e Mônica Salmaso.
A íntegra dos textos da Semana também estará num livreto encartado na edição física dos álbuns, um conjunto de quatro CDs que deve chegar às lojas em fevereiro. Uma versão digital com o conteúdo completo de "Toda Semana" sai já na próxima sexta-feira, no site do Sesc.
O projeto é um braço dos planos mais amplos da instituição para celebrar uma das principais efemérides do ano, num programa intitulado "Diversos 22", que segue até dezembro com filmes, cursos e apresentações.
Já na próxima segunda, será lançado um samba inédito de Nei Lopes, na estreia de um manifesto artístico que se propõe a pensar os cem anos da Semana de Arte Moderna e o bicentenário da Independência. Também integram o "ManiFesta Digital 22 na Encruzilhada" artistas como o escritor Milton Hatoum e a cantora Linn da Quebrada.
UM HOMEM COM UM LIVRO A editora 34 prepara em março o lançamento de "Cine-Olho", antologia que reúne manifestos, roteiros, artigos, cartas e poemas do cineasta russo Dziga Vertov. Com organização de Luis Felipe Labaki e orelha de Ismail Xavier, a obra busca suprir uma lacuna histórica no mercado brasileiro de textos deste que é um dos nomes mais influentes da teoria cinematográfica.
DO QUARTO DO FILHO Falando em cinema, a Âyiné comprou os direitos do livro que inspirou o novo filme do italiano Nanni Moretti, "Tre Piani", que será exibido no Festival do Rio. "Três Andares", do escritor israelense Eshkol Nevo, gira em torno dos moradores de um prédio no subúrbio de Tel Aviv.
BARRACO Voltada ao resgate de textos históricos relevantes, a Chão Editora prepara uma leva divertida de lançamentos para o próximo ano. Em abril, sai "O Pasquim do Calambau", uma edição com papéis que foram pregados em lugares públicos, em 1798, para satirizar a Inconfidência Mineira, servindo de registro raro da oposição popular àquele levante histórico.
CASOS DE FAMÍLIA Em junho, por indicação de Boris Fausto, sai outro panfleto polêmico, "Roupa Suja", de 1923, em que o advogado Moacyr Piza faz ataques venenosos ao futuro presidente Washington Luís e seu partido —tudo indica que os textos foram motivados também por razões passionais. Outro bom lançamento, em fevereiro, é "Amai e... Não vos Multipliqueis", reunião de crônicas de Maria Lacerda de Moura, uma das principais vozes do movimento de mulheres naquele ano de 1932.
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