O grupo Alta Books anuncia nesta quinta-feira a compra da editora Morro Branco, num movimento cada vez mais intenso de ampliar sua participação e relevância no mercado de literatura.
Foi uma trajetória que começou há poucos anos, apesar de a Alta ter décadas de estrada —abriu as portas em 2002, como uma pequena editora de livros de computação.
Em 2022, o grupo liderado pelo carioca Gorki Starlin adquiriu a Tordesilhas, que edita ficção de prestígio, e a Alaúde, referência em livros de gastronomia. Depois, veio a Faria e Silva e, há apenas dois meses, foi a vez da Almedina, forte em publicações de direito.
Em conversa com a coluna, Starlin diz que seu objetivo é pegar editoras pequenas, com boa curadoria, e oferecer estrutura financeira e de distribuição para incrementar o seu leitorado. Se em nove anos de atividade a Morro Branco lançou cem livros em seu catálogo, a Alta prevê mais 40 só nos próximos 18 meses.
Da parte do grupo, o interesse é atingir cada vez mais faixas de público. "Pergunto aos meus editores, o que precisa fazer agora, estar na Flip, em Paraty? Então vamos ter a melhor casa da Flip."
O selo Alta Novel já esteve na festa literária com Akwaeke Emezi, um dos destaques da programação de novembro passado. Antes, houve um ponto de virada em 2016, quando a casa comprou o grande catálogo da Campus-Elsevier, que incluía "Pai Rico, Pai Pobre", uma obra de cauda longuíssima. Então, a editora decidiu investir mais pesado na ficção.
A Morro Branco, mais recente joia da coroa, é uma expoente da ficção científica no Brasil, com obras de , Octavia E. Butler, N.K. Jemisin, Ursula K. Le Guin e Margaret Atwood. O publisher da casa, Victor Gomes, topou o negócio por estar de mudança para a Europa.
"O mercado vai ficar cada vez pior para editoras pequenas e médias. Ou você é grande ou vai ter muita dificuldade", afirma Starlin. "Se as livrarias diminuíram, não vão ter como comportar 800 editoras. Vão escolher das 30 maiores, e as dez primeiras vão ter muita prioridade. Depois disso, é um ou outro livro que elas vão pegar."
Distribuir obras de nichos diversos num mesmo caminhão, diz ele, facilita muito a negociação com as livrarias —a Alta Books diz não priorizar a venda direta aos leitores. "Entendemos que o único caminho para o grupo Alta é a bibliodiversidade, assim você pode entrar em qualquer ponto de venda."
A TEUS PÉS A editora E-galáxia, agora firme na impressão de livros, traz de volta ao mercado uma biografia importante da história literária brasileira: "Ana Cristina Cesar - O Sangue de uma Poeta", escrita pelo crítico Italo Moriconi, estava há muito fora de catálogo e já está disponível para compra na Feira do Livro, em São Paulo.
DA FRANÇA... A Relicário também investe em reedições de qualidade. Primeiro, "Histórias Reais", da francesa Sophie Calle, que tinha sido publicada pela Agir em 2009. A obra sensorial de uma das grandes artistas de seu país virá ampliada com novas fotografias, histórias autobiográficas e tradução inédita de Marília Garcia.
...À PALESTINA E a editora vai pôr na praça ainda este ano uma edição ampliada de "Tornar-se Palestina", da chilena Lina Meruane, que vendeu mais de 15 mil exemplares em cinco reimpressões. A obra ganhará uma terceira parte, "Rostos do meu rosto", já publicada em edições estrangeiras.
SAMBA DA MINHA TERRA Jean Wyllys é o novo contratado da editora Planeta, onde vai relançar pelo selo Tusquets seu primeiro livro de contos, "Aflitos", em versão revista e ampliada. A obra integra uma leva de novos investimentos da casa na literatura brasileira, que ainda terá autores jovens como Pedro Jucá e Renata Belmonte.
BORSCH BEM FEITO E a Rocco aposta no romance de estreia de Sasha Vasiliuk, jornalista americana que cresceu entre a Ucrânia e a Rússia. "Seu Comparecimento É Obrigatório", que sai em setembro, se baseia na história real da viúva de um homem judeu ucraniano que lutou na Segunda Guerra Mundial e levou segredos para o túmulo.
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