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Djamila Ribeiro prepara na Record nova coleção sobre feminismos decoloniais

Colunista quer trazer ao mercado brasileiro livros de mulheres de fora do eixo eurocêntrico, inspirada por Lélia González

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A escritora Djamila Ribeiro prepara uma nova coleção de livros voltada a disseminar a intelectualidade feminina, depois da bem-sucedida experiência com as 14 obras da série Feminismos Plurais, na Jandaíra.

Dessa vez, a editora anfitriã é de maior porte —o selo Rosa dos Tempos, do grupo Record— e o recorte, mais delimitado. Ribeiro quer trazer ao leitorado brasileiro os "Feminismos do Sul Global", nome da nova coleção e de seu primeiro livro, que será assinado pela própria organizadora, colunista deste jornal.

mulher negra com penteado para o alto, vestindo blusa cinza com botões dourados e brincos
A colunista Djamila Ribeiro, que organiza nova coleção no selo Rosa dos Tempos, da Record - Helena Wolfenson/Helena Wolfenson

Na visão de Ribeiro, inspirada por pensadoras como Lélia González, as políticas de tradução do mercado editorial ainda "seguem uma norma colonial" e "intelectuais que produzem em determinados idiomas e geografias têm uma maior barreira a ultrapassar para internacionalizar suas obras e atuações".

A proposta da nova coleção é transcender esses limites e "possibilitar ao público brasileiro acesso a produções de intelectuais decoloniais".

Depois do livro assinado por Ribeiro —que tem publicado best-sellers como "Pequeno Manual Antirracista" e "Quem Tem Medo do Feminismo Negro?" pela outra editora de maior porte do país, a Companhia das Letras—, a coleção abrigará o livro "Feminismo Dalit", organizado pela pesquisadora indiana Sunaina Arya.

"Sempre vamos aprender muito com mulheres de uma realidade mais próxima de nós", afirma Livia Vianna, editora-executiva da Rosa dos Tempos. "Há uma intersecção muito grande: o que existe com a sociedade de castas na Índia, nós encontramos aqui com a nossa desigualdade brutal. São situações que as autoras que nós costumamos ler, vindas da França ou dos Estados Unidos, nunca vão passar."

Segundo Vianna, a ideia da coleção surgiu de maneira fluida em um almoço despretensioso com Ribeiro quando, de repente, ela "começou a dar uma verdadeira aula" sobre os recortes sociais e geográficos do feminismo. Ribeiro também saúda a Rosa dos Tempos, editora gerida por mulheres, como "o espaço ideal para parir essa coleção".

Os livros inaugurais de Ribeiro e Arya devem sair ainda neste ano. Em seguida, a organizadora pretende voltar os olhos dos leitores à América Latina.

ASIMOV PARA CRIANÇASa editora Aleph vai parir em agosto seu selo infantil, chamado Glida —palavra que significa sorvete em hebraico. O catálogo se volta, como não poderia deixar de ser, a livros de ficção científica e bem-estar, tendo como títulos inaugurais a série "Gatos Alados", de Ursula K. Le Guin, com ilustrações de S.D. Schindler; "Eu Sou Ioga", de Susan Verde, ilustrado por Peter H. Reynolds; e "A Estrela no Jardim", do brasileiro Tiago de Melo Andrade, com ilustrações de Rodrigo Chedid.

PEGA ESSE AVIÃO O projeto Brazilian Publishers, que dá apoio à internacionalização do mercado editorial brasileiro, registrou um aumento expressivo nos negócios fechados em feiras literárias neste primeiro semestre. As editoras apoiadas pela iniciativa prospectaram em eventos como as feiras de Londres e de Bolonha um total de US$ 4,2 milhões em novos contratos, o que representa um aumento de 118% em relação ao ano passado. O programa é parceria da Câmara Brasileira do Livro com a ApexBrasil.

ALÔ, ALLENDE Falando em vendas internacionais, um gênero queridinho do mercado hoje é a chamada "romantasia", que tem produzido best-sellers para jovens como "Quarta Asa". E a Arqueiro, antenada nesses fenômenos, vai lançar na Bienal de São Paulo o novo sucesso "O que o Rio Sabe", mergulhado na cultura latina. A autora é a americana Isabel Ibañez, filha de imigrantes bolivianos, que criou a trama de uma mulher da alta sociedade de Buenos Aires que investiga a morte dos pais no Egito.

NOVO TEOREMA E a editora independente Sobinfluencia vai publicar pela primeira vez no Brasil o roteiro de "Porno-Teo-Kolossal" —trabalho inacabado do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, que só não foi filmado por causa de seu assassinato trágico em 1975. O diretor trabalhou uma década neste que é tido como seu roteiro mais ambicioso, dedicado a mostrar o fracasso de três tipos de utopia capitalista. O livro, cuja pré-venda começa em julho, foi traduzido por Andityas Matos.

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