O premiado chef Patrick O’Connell escolheu uma maneira excêntrica de respeitar o distanciamento social e retomar as atividades de seu luxuoso restaurante, o Inn at Little Washington, no estado da Virginia, nos EUA. Ele preencheu as cadeiras e mesas vazias do salão de jantar com manequins.
Os bonecos têm tamanho real, usam peruca e são maquiados. Eles vestem trajes elegantes e coloridos da década de 1940, do período pós-guerra —ternos listrados, vestidos de renda e colares de pérola —e imitam gestos tipicamente humanos.
Um se ajoelha diante da namorada (como que para pedi-la em casamento em uma típica cena hollywoodiana). Outro está cabisbaixo, parece pensativo, talvez triste.
Dotados de olhos pintados onde estaria o globo ocular de uma pessoa, os manequins olham em diferentes direções, como se fizessem parte de uma fotografia antiga onde podemos adentrar, escolher beber um vinho da seleta carta do Inn e experimentar uma refeição prestigiada com três estrelas Michelin.
O estado da Virginia irá retomar o comércio, com reabertura de bares e restaurantes, no dia 29 de maio. Mas o chef Patrick O’Connell começou a se preparar para o momento muito antes.
Formado em arte cênicas e conhecido por sua especial atenção ao detalhe e gosto performático, ainda no início do mês, ele encomendou os figurinos do século passado para o teatro Shirlington’s Signature.
Os funcionários do restaurante são orientados a interagir normalmente com as pessoas de plástico. Os manequins serão cumprimentados com cordialidade e servidos de vinho, como os clientes humanos.
À emissora Fox News, o chef justificou sua escolha afirmando que todos queremos estar acompanhados, não “necessariamente por pessoas reais”.
Seu restaurante não foi o único no mundo a adotar medidas do tipo.
Na Tailândia, o restaurante de gastronomia vietnamita, Maison Saigon, está usando pandas de pelúcia para instruir os clientes sobre as medidas de distanciamento.
O proprietário Natthwut Rodchanapanthkul afirma que a medida é pedagógica (não é tão teatral quanto o caso de O’Connell). Ele percebeu que a clientela ficava confusa com decisões outrora mais simples —como onde se sentar em um restaurante.
Mas, assim como O’Connell, sua iniciativa também considera a vontade pela companhia. Para ele, os pandas podem amenizar a sensação de isolamento de quem está desacompanhado.
O cliente Sawit Chaiphuek, 25, confirmou que a estratégia funciona.
Ao sair pela primeira vez em meses para jantar, sozinho, gostou de encontrar os ursos de pelúcia no Saigon. “Eles me fizeram sentir menos solidão”, diz.
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