Mortes: Cartunista, pautou seu trabalho pela inclusão

Na faculdade, foi convidado por Ziraldo a compor o time da revista Zapin, no Rio

ANTONIO MAMMI
São Paulo
Luís Augusto Gouveia (1971-2018)
Luís Augusto Gouveia (1971-2018) - Divulgação

No universo de Luís Augusto, Gepeto adota Chapeuzinho Vermelho, uma menina negra, para fazer companhia a Pinóquio. Branca de Neve, por sua vez, é uma princesa albina.

O fio condutor da obra do cartunista baiano, inalterado ao longo de sua carreira, era incutir nas crianças as noções de inclusão e diversidade.

Ganhou notoriedade em 1996 com o quadrinho Fala Menino!. Inicialmente publicada em tiras no jornal A Tarde, a HQ tinha como protagonista Lucas, um garoto com escudeiros como o hiperativo Leandro e o cadeirante Caio.

Era arquiteto formado, mas percebeu cedo que não viveria de projetar casas. Ainda durante a faculdade, mostrou seus trabalhos para Ziraldo, que o convidou para para compor o time da revista Zapin no Rio.

Depois da temporada carioca, voltou para Salvador a fim de obter o diploma estava convicto que viver de quadrinhos era um devaneio. Cavava o pão como arte-educador em escolas quando, sem compromisso, participou de um concurso na Academia Brasileira de Artes. Ganhou menção honrosa e o estímulo de que precisava.

Aceito na Joe Kubert School of Cartooning and Graphic Arts, refinou seu traço em Nova York. Quando voltou ao Brasil, deu à luz Lucas.

O trabalho mais recente era Ben e a Bisa, em que personagens inspirados em seu filho e sua avó dividem a cena. É da boca do menino que são contados os clássicos da literatura infantil, numa releitura típica de Luís Augusto.

Morreu no dia 20, aos 46, após um infarto fulminante. Deixa filho, pais e irmãos.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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