Polícia prende suspeito por morte de assessor de vereador no Rio

Testemunha da morte de Marielle Franco teria revelado que o parlamentar e um miliciano tramaram o assassinato

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Escadaria da rua Cristiano Viana, em Pinheiros
Prisão de suspeito faz parte de investigações sobre o caso Marielle - Folhapress
Rio de Janeiro

A Polícia Civil do Rio prendeu nesta terça-feira (29) um suspeito de ter participado do assassinato de um assessor do vereador Marcello Siciliano (PHS). 

No início de maio, uma testemunha afirmou aos agentes da Delegacia de Homicídios que o vereador e um miliciano preso teriam tramado a morte da vereadora Marielle Franco, morta em 14 de março junto com o motorista Anderson Gomes. Tanto o vereador quanto o miliciano preso negam as acusações, reveladas em reportagem do jornal O Globo. 

Desde a morte da ​vereadora  houve diversos casos de assassinatos sob suspeita de envolvimento de milícias no estado. Um deles foi justamente o de Carlos Alexandre Pereira Maria, 37, líder comunitário da zona oeste que era colaborador de Siciliano.

Conhecido como Alexandre Cabeça, ele foi morto em abril, dias depois de ter prestado depoimento à polícia na investigação do caso ​Marielle.

Nesta terça, ​Thiago Bruno Mendonça, conhecido como Thiago Macaco, 33, foi preso num shopping da zona norte da capital fluminense sob suspeita de envolvimento na morte de Alexandre Cabeça. Havia um pedido de prisão temporária expedido contra ele pela Justiça do Rio.

Um outro homem, Rondinele de Jesus da Silva, o Roni, já havia sido preso sob a mesma acusação. Os dois são apontados como integrantes da milícia do Boiúna, em Jacarepaguá, na zona oeste.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa deles nesta quarta-feira (30).

Alexandre Cabeça estaria em um churrasco na rua quando duas pessoas em uma motocicleta se aproximaram. O homem da garupa teria disparado vários tiros de pistola na vítima, que não resistiu. 

Após a morte da vereadora Marielle Franco, a polícia questionou equipes de parlamentares com suspeita de alguma ligação com os grupos milicianos que atuam no Rio.

Chamou a atenção da polícia na época a grossura dos cordões de ouro usados pelo colaborador de Siciliano.

O assassinato da vereadora Marielle já completou mais de dois meses sem que as autoridades tenham conseguido desvendar o crime. Até o momento, o relato da testemunha que acusou o vereador é o que a polícia tem de mais concreto sobre o caso.

O Rio está desde fevereiro sob intervenção federal na segurança pública, decretada pelo presidente Michel Temer (MDB), que nomeou o general do Exército Walter Braga Netto como interventor. Desde então, as polícias e o setor penitenciário do Rio estão sob controle da intervenção.

No início de maio, a polícia fez uma reconstituição do crime, que teria concluído que a vereadora foi atingida por tiros de submetralhadora, de um tipo que é comumente utilizada por forças policiais de elite ​no estado.

Marielle foi morta em 14 de março por volta das 21h40, quando voltava de um debate sobre racismo e cultura negra no Brasil. Ao menos dois carros seguiram a vereadora da porta do local do debate, na Lapa, até o bairro do Estácio, também no centro.

Um carro emparelhou com o ​da vereadora e pelo menos 13 tiros foram disparados. Os tiros atingiram Marielle na cabeça e Anderson nas costas. Uma assessora que também estava no veículo sobreviveu e hoje está no programa de proteção à testemunha.

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