Fardados, integrantes da Parada Gay pedem 'intervenção do amor'

Fantasias camufladas ganharam versões divertidas para pedir igualdade de direitos

Rapaz com roupa militar e maquiagem
Professor Lukas Dubas, 28, foi vestido de militar na Parada Gay - Paulo Saldaña/Folhapress
Paulo Saldaña
São Paulo

Vestidos com roupas camufladas, muitos militantes aproveitaram a Parada do Orgulho LGBT para ironizar os pedidos recentes de intervenção militar disseminados durante a paralisação dos caminhoneiros

"É hora de intervenção do amor, ainda mais neste momento conturbado", disse o professor Lukas Dubas, 28. Ele conta que caprichou na maquiagem para compensar o fato de a roupa fardada ser muito "masculinizada". "Nada melhor do que vir de militar, mas falando pelo [viés] certo", disse.

Para o administrador Albert Lima, 19, a Parada é a hora perfeita para transmitir mensagens e se expressar. "Estar de militar é uma grande ironia", diz ele, de calça e camiseta camuflada. 

Vestidos de militar americano e Capitão América, o casal Renan Magalhães, 30, e Luiz Putini, 54, afirmam que o país ainda vive uma época de ideias muito fechadas. Eles mesmo são das Forças Armadas.
"Há uma imagem muito forte de que o o mundo militar é homofóbico", diz Magalhães. "E têm muitos gays lá", diz Putini, já na reserva.

Casal Renan Magalhães, 30 (à esq.),e Luiz Putini, 54, aderiram à temática militar
Casal Renan Magalhães, 30 (à esq.),e Luiz Putini, 54, aderiram à temática militar - Paulo Saldaña/Folhapress

O tema da Parada deste ano foram as eleições e o voto consciente no próximo pleito. Muitos cartazes clamavam pelo empoderamento da comunidade. "Nossa voz não será calada", dizia um dos cartazes.

Recados contra o deputado e candidato à presidência Jair Bolsonaro também estiveram presentes. "Menos Bolsonaro, Mais Beyoncé", dizia um dos cartazes.

Também vestido de militar, mas sem camisa, o farmacêutico Bruno Vieira, 24, disse que que a única motivação para escolher a roupa foi a disponibilidade dela no armário. Mas ele é a favor de uma intervenção. "A polícia já não consegue controlar as coisas, talvez o exército consiga".

A organização estimou que 3 milhões de pessoas estiveram na Parada. Em 2012, quando a estimativa deles foi de 4 milhões de presentes, pesquisa Datafolha aferiu a presença de cerca de 270 mil.

Segundo o instituto, 1,5 milhão de pessoas é a lotação máxima do trecho Paulista-Consolação, isso em um cálculo superestimado: com lotação de sete pessoas por metro quadrado, aperto semelhante ao enfrentando no metrô no horário de pico.

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