Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Morre 3º militar baleado em operação durante intervenção federal no RJ

Ação em complexo de favelas da zona norte ocorreu na última segunda

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Rio de Janeiro e Brasília

Morreu nesta quarta-feira (22) mais um militar baleado durante uma operação das forças de segurança nos complexos de favelas do Alemão, da Penha e da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro.

O soldado Marcus Vinicius Viana Ribeiro é o terceiro membro do Exército morto em confronto após o início da intervenção federal no estado, em fevereiro. Ele foi baleado na perna na segunda-feira (20) e levado ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier.

Naquele dia, o Comando Militar do Leste (CML, responsável pelas operações) informou que seu ferimento era considerado de média complexidade, seu estado inspirava cuidados e ele não corria risco de morte.

Houve, porém, uma "evolução indesejável de seu quadro clínico".

Os outros dois militares que morreram na ação foram o cabo Fabiano de Oliveira Santos, 36, e o soldado paraquedista João Viktor da Silva, 21. Ambos foram sepultados nesta terça (21) no mesmo cemitério no município de Japeri (Baixada Fluminense). Os dois eram jovens e deixaram filhos de dois anos de idade.

Fabiano foi atingido naquela manhã no ombro, no complexo da Penha. João Viktor foi baleado durante a tarde na cabeça, no Alemão. A intervenção até agora não deu detalhes das circunstâncias das três ocorrências.

A operação que resultou nas mortes dos militares começou na madrugada de segunda, com o emprego de 4.200 militares das Forças Armadas e 70 policiais civis e o apoio de veículos blindados e aeronaves. Ela continuará por tempo indeterminado, segundo o CML.

A ação, que abrange uma área com 26 comunidades e 550 mil habitantes, também deixou cinco civis mortos até agora. Foram presas 70 pessoas, libertados cinco reféns e apreendidas 14 armas, 1.045 munições e 554 kg de maconha. O Complexo do Alemão é considerado o quartel-general da maior facção criminosa do Rio, o Comando Vermelho.

Pelas redes sociais, moradores vêm relatando tiroteios em diversas áreas das favelas. "São muitos tiros, helicópteros sobrevoando... Deus proteja os inocentes", escreveu um morador nesta segunda. "Está em toda parte, o Exército já está no alto do morro", afirmou outra.

Há também acusações de abusos dos militares. Celulares estariam sendo revistados, pessoas que compartilharam informações sobre a ação por mensagem teriam sido detidas como suspeitas, e casas estariam sendo invadidas sem mandado de busca. Procurado sobre essas denúncias, o CML não se pronunciou. ​​

O ministro Sergio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional) negou nesta quarta-feira (22) que a morte do terceiro militar em operação no Rio de Janeiro signifique que a intervenção federal na segurança do estado seja um erro. 

"A terceira morte de um militar representa uma enorme perda, lamentável em todas as circunstâncias, representam um empenho das Forças Amadas correndo todos os riscos que resultaram nisso. Daí a achar que mais uma morte, menos uma morte significa um erro, eu acho que não. Os números revelam o acerto da decisão. Se nós estamos tendo baixas é obviamente porque está tendo enfrentamento", afirmou o ministro. 

INTERVENÇÃO FEDERAL

A intervenção federal na segurança do Rio completou seis meses na última quinta-feira (16) e vai até 31 de dezembro.

A medida decretada pelo presidente Michel Temer (MDB) ainda não conseguiu reduzir os homicídios, acumula o maior índice de mortes por policiais desde 2008 e tem retirado menos armas das ruas.

Com a intervenção, na prática, as polícias, os bombeiros e o sistema penitenciário estão sob o comando federal, que nomeou interventor o general Walter Souza Braga Netto, do Exército. A medida ocorre paralelamente à operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) decretada por Temer em julho de 2017, que dá poder de polícia às Forças Armadas no estado também até o fim do ano.

Desde que chegaram ao Rio, os representantes do governo federal também intensificaram as operações em favelas. Foram mais de 300 ações das forças de segurança, com aumento de 60% dos disparos e tiroteios registrados pela plataforma colaborativa Fogo Cruzado.

Eles ainda não compraram os materiais prometidos às polícias com o R$ 1,2 bilhão liberado pelo Palácio do Planalto. Por outro lado, conseguiram doar equipamentos emergenciais e reduzir os roubos de carga e de rua.

Também há poucas trocas nos comandos dos batalhões mais violentos e um silêncio de porta-vozes sobre más condutas. Operações com suspeita de abuso policial, como no Salgueiro e no Alemão, seguem ainda sem explicações.

O interventor Braga Netto e o general nomeado para a pasta da Segurança Pública, Richard Nunes, evitam a imprensa. À frente da Polícia Civil, eles não comentam crimes como o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), ocorrido em março e até hoje não esclarecido. ​

Talita Fernandes

editora sênior da Shūmiàn

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