Aos 32 minutos do segundo tempo, Grêmio e Peñarol continuavam empatados em 1 a 1, na finalíssima da Libertadores de 1983, em Porto Alegre.
Tarciso Flecha Negra, com fama de veloz, recebeu a bola após cobrança curta de lateral de Renato Gaúcho. Marcado por dois adversários, devolveu rápido o passe ao companheiro. Renato improvisou e fez um balão que virou um cruzamento na cabeça de César. Gol do título.
O Grêmio em seguida conquistaria o Mundial em cima do Hamburgo. Tarciso fez parte dessa era de vitórias.
Mineiro de São Geraldo, José Tarciso de Souza vestia a camisa do América-RJ em 1972, quando o time enfrentou o Grêmio. Foi assim que chamou a atenção dos gaúchos, que o levaram para Porto Alegre no ano seguinte.
O primeiro dos 227 gols que marcou para o tricolor veio em amistoso contra o Atlético-PR, uma semana após a estreia. Em 13 anos, tornou-se o jogador que mais vestiu a camisa azul, preta e branca.
"O Grêmio realizou o sonho daquela criança, daquela família carente, daquele cara que só queria entrar no Maracanã para jogar. Esse cara não pediu para ser campeão do mundo. E esse cara jogou 721 partidas num clube tão grande como esse", disse emocionado ele certa vez.
Tarciso teve duas convocações para a seleção brasileira. Passou ainda por Goiás, Cerro Porteño, Coritiba, Goiânia e pelo São José de Porto Alegre. Fora de campo, tentou a carreira de treinador e abriu uma escolinha de futebol para crianças carentes.
Nesta quarta-feira (5), aos 67 anos, Tarciso morreu em decorrência de um tumor ósseo. Deixou a esposa, Jonia, três filhos e dois netos. Coberto com uma bandeira tricolor, foi velado na Câmara Municipal da capital gaúcha, onde foi eleito para três mandatos consecutivos.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.