Polícia investiga João de Deus por suposta venda de falsas pedras preciosas

Denúncia feita por um negociador gerou a abertura de um inquérito por suspeita de estelionato

Goiânia

Além dos mais de 500 relatos de abuso sexual, o Ministério Público e a Polícia Civil de Goiás investigam o médium João de Deus por, supostamente, vender pedras preciosas falsas como verdadeiras.

A denúncia foi feita por um negociador e gerou a abertura de um inquérito pela Delegacia de Investigações Criminais de Goiânia, que suspeita de estelionato.

O médium foi questionado sobre esse suposto golpe em depoimento prestado no domingo (16) e alegou que "nunca forneceu certificados quando da venda das referidas pedras".

O nome do denunciante é mantido em sigilo pelos investigadores.

O garimpo, a lapidação e a negociação de pedras preciosas estão entre as diversas atividades do médium, que incluem a venda de "remédios" fabricados em um laboratório na casa dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, e a exploração de sete fazendas, nas quais retira R$ 60 mil mensais, lojas e imóveis.

O médium manteve garimpos em Crixás e Santa Terezinha e, atualmente, faz extração de pedras em Abadiânia e em sua propriedade rural de Pilar de Goiás. 

Algumas delas, como cristais, são vendidas na própria casa dom Inácio de Loyola, onde ele faz os atendimentos.

Os relatos sobre a venda de pedras falsas, segundo investigadores, ainda são genéricos. As apurações serão aprofundadas num segundo momento, pois o foco, por ora, são as queixas de abuso sexual.  

João de Deus é suspeito de abusar sexualmente de mulheres que procuravam atendimento na casa dom Inácio. Os casos começaram a se tornar públicos no sábado (8), após 13 supostas vítimas relatarem violações à TV Globo e ao jornal O Globo.

Na segunda (10), Aline Sales, 29, contou à Folha que esteve na casa dom Inácio em 2012, foi levada para um banheiro, posta de costas e que João de Deus colocou a mão dela em seu pênis.

Desde então, a força-tarefa montada pelo Ministério Público de Goiás recebeu 506 relatos de supostos abusos cometidos pelo médium. A maioria chegou por e-mail e as denunciantes estão sendo chamadas a prestar depoimentos.

Na última sexta (14), a Justiça decretou a prisão preventiva do médium. Ele ficou escondido num sítio na zona rural de Abadiânia até se entregar na tarde de domingo (16) e ser levado para a prisão em Aparecida de Goiânia

O momento da apresentação foi registrado com exclusividade pela colunista Mônica Bergamo, da Folha

A Justiça ainda apreciará pedido de habeas corpus apresentado pela defesa do médium. A previsão é de que os primeiros inquéritos sobre abusos sejam concluídos em até 15 dias e enviados ao Ministério Público, que decidirá sobre eventuais denúncias à Justiça.

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