O prefeito Bruno Covas (PSDB) fez nesta sexta-feira (4) uma série de nomeações políticas e até relançou regras sobre aplicativo de transporte, em acenos para aliados e também para contemplar membros de partidos que ajudaram na aprovação da reforma da previdência municipal no final do ano passado.
O gesto principal foi a assinatura de um decreto que, na prática, apenas reafirma regras que já haviam sido anunciadas pela gestão tucana sobre o funcionamento de aplicativos de transporte na cidade, tais como Uber, 99 e Cabify.
Entre as regras estão a obrigação de curso específico (com exigência de prova), pagamento de taxas e placa exclusiva da cidade de São Paulo. A prefeitura diz que as novas regras visam trazer segurança para os passageiros da cidade e que, após a aprovação de uma lei federal, poderão ser implantadas na cidade.
O decreto foi assinado diante de uma plateia cheia de taxistas que comemoraram o texto e é resultado de uma costura política feita pelo vereador Adilson Amadeu (PTB), que votou a favor da reforma da previdência —principal projeto até aqui da gestão Covas.
Amadeu, cuja base eleitoral são os taxistas, agradeceu a Covas e aos principais articuladores políticos do prefeito. "Eu quero agradecer o prefeito Bruno Covas e meus colegas (...) que, de muitas maneiras, fizeram com que esse ato acontecesse", disse o vereador.
Covas retribuiu os elogios. "Essa regulamentação veio com a agilidade com que ela veio por causa da luta do Adilson Amadeu".
Do lado de fora, taxistas buzinaram e soltaram fogos de artifícios após anúncio do decreto. As novas regras entrarão em vigor 90 dias após a publicação do decreto.
A publicação das regras por meio de um decreto, sem uma discussão com a Câmara, surpreendeu vereadores.
"O curso e o pagamento de taxas já tinham sido aceito pelos aplicativos, apesar de isso encarecer os serviços. Já a limitação para placas do município é algo absolutamente inviável, pode retirar o complemento de renda de muitas pessoas", diz o vereador Fernando Holiday (DEM), que também votou favoravelmente à reforma da previdência.
Para ele, que é membro do MBL (Movimento Brasil Livre), Covas "não aprendeu nada com os erros do Doria". Restrições a aplicativos já fizeram com que o movimento estremecesse a relação com Doria.
Ainda na retribuição aos aliados, Covas iniciou o que deve ser um processo de troca de quase todos subprefeitos, com nomes próximos de aliados políticos. Nesta sexta-feira, foram publicadas no Diário Oficial oito nomeações de titulares das subprefeituras.
A regional da Brasilândia (zona norte de SP), por exemplo, ficará com indicação da vereadora e secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Aline Cardoso (PSDB) —ela se licenciou do cargo na pasta para votar a favor da reforma em dezembro, assim como outros secretários.
A escolhida para a região é Sandra Cristina Leite Santana , ex-chefe de gabinete do pai de Aline, Celino Cardoso (PSDB), na Assembleia Legislativa. Ela concorreu a deputada estadual nas últimas eleições, mas não conseguiu se eleger.
O novo subprefeito da Casa Verde/Cachoeirinha, Thiago Milhim, é vice-presidente nacional do Podemos, partido que rendeu dois votos favoráveis à reforma, o de Mario Covas Neto, tio do prefeito, e de dr. Milton Ferreira.
Milhim foi diretor do departamento de administração da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), indicado pela presidente do Podemos e deputada federal Renata Abreu.
Covas nomeou para a subprefeitura da Vila Mariana (zona sul) Fabricio Cobra Arbex, filho de Zulaiê Cobra, atual responsável pelo Procon municipal. Ela saiu do PSDB em 2007, mas sempre foi ligada à família Covas. Em 1990, Zulaiê foi vice da chapa ao governo estadual encabeçada por Mário Covas (PSDB), avô do atual prefeito --na ocasião, ambos foram derrotados por Fleury Filho, então no PMDB.
Também assumiram como subprefeitos Francisco Roberto Arantes Filho (Sé), ex-subprefeito e quadro ligado ao PSDB), Caio Vinicius de Moura Luz (Ipiranga), José Antonio Varela Queija (Vila Prudente) e Thiago Della Volpi (Penha).
As trocas devem continuar nas próximas semanas. Da mesma forma que aliados estão ganhando cargos nas regionais, aqueles que não apoiaram o governo na previdência perderão os seus.
Antes da reforma, o vereador Massataka Ota (PSB) disse que perdeu 20 cargos na prefeitura quando se posicionou contrário ao projeto de lei de reforma da previdência dos servidores municipais.
A prefeitura não comentou sobre o assunto.
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