Ellen Gracie, ex-ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), vai coordenar um comitê independente criado pela Vale para apurar as circunstâncias do rompimento da barragem em Brumadinho (MG) na última sexta-feira (25).
Gracie passou por um processo de seleção liderado pela empresa internacional de consultoria Korn Ferry e teve sua nomeação confirmada nesta quarta (30) pelo conselho de administração da mineradora.
O grupo, chamado internamente de Comitê Independente de Assessoramento Extraordinário de Apuração (Ciaea), foi instaurado no último domingo (27) e "será dedicado à apuração das causas e responsabilidades pelo rompimento da barragem".
Segundo a Vale, ele ainda está sendo formado e será composto "por maioria de membros externos, independentes, de reputação ilibada e com experiência nos temas de que se ocuparão, a serem indicados pelo conselho administrativo".
Questionada, porém, a empresa não informou quantos serão esses membros e as medidas que tomará para garantir a independência do grupo. Também não respondeu como o conselho vai funcionar, quanto tempo deve durar e quais medidas já foram tomadas.
Além da comissão, a Vale afirmou na noite desta quinta (31) que contratou o escritório de advocacia Skadden para auxiliar de forma independente nas apurações. O escritório selecionará uma equipe de peritos, que terá o objetivo de chegar a uma conclusão sobre as causas do rompimento, e a partir disso dará orientação jurídica à mineradora.
Ellen Gracie, 70, foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira no STF, de 2000 a 2011, e a presidir a corte, de 2006 a 2008, indicada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Depois seguiu na carreira privada, onde atua como advogada e mediadora de conflitos.
Ela já integrou em 2012 e 2013 o conselho de administração da OGX, empresa de petróleo e gás do empresário Eike Batista, entre outros. Em 2016, recusou o convite de Michel Temer para assumir a CGU (Controladoria-Geral da União).
Gracie é membro do conselho de administração do The World Justice Project, organização sem fins lucrativos que trabalha para promover a igualdade de direitos em vários países.
OUTROS COMITÊS DA VALE
Além do comitê de apuração, a Vale criou um comitê independente de apoio e reparação, para acompanhar a assistência às vítimas e a recuperação da área atingida pelo rompimento da barragem, "de modo a assegurar que serão empregados todos os recursos necessários".
Um comitê de ajuda humanitária, formado por cerca de 80 assistentes sociais e psicólogos, também presta assistência às vítimas e famílias dos atingidos na região de Brumadinho, junto a uma equipe de especialistas em trauma, luto e catástrofes do hospital Albert Einstein.
Na última sexta, a mineradora já havia instituído um "grupo de resposta imediata" para consolidar todas as ações emergenciais relacionadas à tragédia. O executivo Cláudio Alves, que está na Vale desde 1992 e ocupava há dois anos a diretoria de pelotização e manganês, foi anunciado como coordenador.
A empresa afirmou que está trabalhando de maneira integrada com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros e que entre as ações ações emergenciais estão:
- R$ 100 mil para cada família que teve parentes mortos ou desaparecidos
- Sete postos de atendimentos aos atingidos
- 2,43 milhões de litros de água potável comprados, dos quais 1,76 milhão já distribuídos
- 820 cestas básicas
- 3.370 kits de higiene pessoal e medicamentos comprados
- 1.420 acomodações disponibilizadas, das quais 752 preenchidas
- 40 ambulâncias, 1 helicóptero de resgate e 50 rádios de comunicação e balões equipados com tecnologia de infravermelho e wi-fi para o monitoramento aéreo
- 200 kg de ração para os cães farejadores
- Vagas disponibilizadas em quatro hospitais particulares e postos de saúde da região
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