Médico cardiologista suspeito de abuso sexual é preso em Presidente Prudente

Pelo menos 29 mulheres acusam cardiologista de assédio durante exames clínicos; defesa questiona a prisão

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Curitiba

O médico cardiologista Augusto Cesar Barretto Filho, acusado de assediar sexualmente pacientes em seu consultório em Presidente Prudente, foi preso ao se entregar por volta das 15h desta sexta-feira (18). A Justiça Estadual de São Paulo havia decretado sua prisão preventiva na quinta (17).

O médico está sob a custódia da Delegacia da Mulher de Presidente Prudente. Ele deve ser transferido para o sistema penitenciário ainda nesta sexta.

Augusto Cesar Barretto Filho foi denunciado sob acusação de violação sexual mediante fraude, num caso ocorrido em julho do ano passado. Outras 32 mulheres procuraram a polícia e prestaram depoimento relatando episódios semelhantes, que teriam ocorrido há até 25 anos. 

Nesta quinta, o juiz João Pedro Bressane de Paula Barbosa, da 2ª Vara Criminal de Presidente Prudente, recebeu a denúncia e acatou o pedido de prisão, feito pelo Ministério Público. A prisão preventiva vale por tempo indeterminado, até decisão em contrário. 

O médico Augusto César Barretto Filho - Reprodução

Os relatos são semelhantes: as mulheres acusam o cardiologista de assediá-las durante os exames clínicos. 

Algumas afirmam terem sido tocadas nos seios e na região íntima enquanto estavam deitadas na maca. Outras relatam que o médico esfregou o pênis ereto em suas mãos e braços. Há pelo menos um caso em que o médico teria se masturbado, enquanto a paciente estava de costas.

No caso denunciado pelo Ministério Público, ocorrido em julho de 2018, a paciente afirma ter sido tocada na região íntima enquanto estava sendo examinada, além de ser obrigada a encostar no órgão genital do cardiologista. Ela disse ter ficado em choque, sem reação, mas chorou e pediu para que ele parasse.

“São mais de 30 mulheres descrevendo o mesmo comportamento. Por indução, se conclui que estão falando a verdade, até porque uma não conhece a outra”, afirmou a delegada Adriana Pavarina, da Delegacia da Mulher de Presidente Prudente. “[Do contrário], seriam 30 mulheres falando a mesma coisa, de maneira falsa? Isso é juridicamente impossível de se acontecer.”

O cardiologista também é alvo de uma sindicância do Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo), sob suspeita de assédio. Ela foi instaurada em julho do ano passado e continua em andamento.

Nesta sexta (18), o Cremesp determinou a interdição cautelar do cardiologista, suspendendo o seu registro profissional por seis meses, “dado o potencial de lesividade social”.

A defesa do médico cardiologista questionou a prisão preventiva do profissional, e disse que “está se fazendo um espetáculo” do caso.

Segundo o advogado Emerson Longhi, a prisão é desnecessária porque o médico Augusto Cesar Barretto Filho, 74, compareceu a todos os atos investigativos a que foi chamado, e não está mais trabalhando.

“Já faz meses que ele se afastou das suas funções”, disse Longhi, durante uma entrevista coletiva concedida nesta sexta-feira (18). “Não existe a possibilidade de reiteração de conduta.”

O defensor afirmou que irá pedir a revogação da prisão preventiva, e destacou que, até aqui, o médico não é culpado de nada.

“Ele está sendo responsabilizado por uma pessoa. As outras são testemunhas de acusação”, afirmou.

Para Longhi, os relatos já ultrapassaram o prazo decadencial, e o médico não poderia responder por eles. “Na verdade, está se fazendo um espetáculo por uma coisa que ele só está respondendo em relação a uma pessoa e não às demais”, declarou.

O advogado disse que espera reverter a decisão da prisão, mas preferiu não se manifestar sobre o mérito das acusações, e afirmou que irá fazê-lo apenas no processo. A ação corre em segredo de justiça.

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