Descrição de chapéu Tragédia em Brumadinho

Viúva de vítima de Mariana e irmã ajudam atingidos por barragem em Brumadinho

Reservatório de rejeitos da Vale rompeu deixando dezenas de mortos

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Brumadinho (MG)

Duas irmãs que viveram de perto a tragédia de Mariana (MG), em novembro de 2015, viajaram por conta própria para Brumadinho para trabalhar como voluntárias no apoio às famílias de mortos e desaparecidos pelo rompimento da barragem. 

O marido de Aline Ferreira Ribeiro, Samuel Vieira, funcionário de uma terceirizada da Vale, morreu em Mariana. 

Duas mulheres escoradas em janela; abaixo, lista de desaparecidos
As irmãs Luísa (à esq.) e Aline Ribeiro, que viajaram de Mariana para ajudar em Brumadinho - Pedro Ladeira/Folhapress

Em Brumadinho, elas criaram um grupo de mensagens de celular para acompanhar e orientar famílias de vítimas.

No centro comunitário do Córrego da Ponte, onde a Vale criou um posto de atendimento às famílias, as irmãs observavam criticamente o trabalho de atendimento aos moradores e parentes de vítimas. 

Citando o caso de uma mulher que perdeu um irmão e um primo no rompimento em Brumadinho, Aline afirmou que a família está “sem notícias há muito tempo e a Vale não está dando notícia para eles”. 

“A Vale não está dando nenhuma estrutura, nem psicológica nem nada. A maioria das pessoas que estamos vendo aqui [no centro comunitário] são voluntários, é isso que está ajudando os atingidos”, disse Aline.

“As famílias ficam aqui esperando, esperando. Aqui não tem televisão, a gente não consegue ver o que está acontecendo no mundo lá fora. Não tem informação de nada aqui.”

A advogada Luísa Ribeiro, que acompanhou todo o pós-desastre de Mariana, disse que o plano de emergência empregado em Brumadinho “é ainda pior”. “Aqui está muito menos organizado do que lá. E a gente imaginaria que estaria melhor, pela experiência que tiveram lá [em Mariana]. Mas não foi bem assim não”, disse Luísa. 

Luísa disse que a Vale “não está deixando os parentes descerem até o Córrego do Feijão, para saber de seus parentes”. Desde sábado (26) a Polícia Militar faz bloqueios nas vias de acesso ao distrito. 

No sábado à tarde, a Folha foi impedida de chegar ao Córrego do Feijão, sob o argumento de que havia risco de rompimento de outra barragem

Contudo, o local onde atuam os bombeiros e está a maior parte da população do Córrego, segundo o próprio Corpo de Bombeiros, não é considerada área de risco.

A Vale diz que desde o rompimento disponibilizou postos de atendimento aos atingidos, onde funcionários da empresa e voluntários fazem acolhimento e identificação dessas pessoas. 

A companhia diz ainda que até às 10h deste domingo (27) recebeu “mais de 1.400 ligações nos dois canais telefônicos disponibilizados” pelo Comitê de Ajuda Humanitária, que devem ser usados para informar sobre desaparecidos ou solicitar assistência emergencial. Os números são 0800-285-7000 (Alô Ferrovia - prioritário) e 0800-821-5000 (Ouvidoria da Vale).

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