O humor afiado era uma das marcas registradas de Rute. Certa vez, no velório do marido de uma amiga, chegou perto da viúva e sussurrou: "Chora, não. Agora você vai poder usar o macacão maravilhoso que comprou e ele detestava".
As palhaçadas e tiradas sempre na ponta da língua ditas pela professora ao longo da vida permearam o seu velório, em 18 de março. Houve mais risadas do que choro, garantem familiares, fazendo jus ao bom humor de Rutinha.
Nascida em Porto Alegre, mudou-se para São Paulo ainda criança. Fez o magistério e depois trabalhou como secretária no Departamento de Estradas e Rodagem.
Comprar presentes, para ela mesma e familiares, era o seu grande prazer. Madame, como era chamada pelo marido, vivia no shopping. Comprava roupas, sapatos, bolsas, perfumes e itens para a casa --a loja de decoração Cecilia Dale era o seu parque de diversões.
Conheceu a África, a Europa e outros destinos com o marido, o engenheiro Eduardo Borges. Os dois se divertiam muito juntos, segundo a família, e faziam questão de cultivar o romantismo.
Vaidosa, fazia questão de estar sempre alinhada e cheirosa. Tinha prazer em se cuidar e ficar bonita. Só não abria mão dos doces, seu vício, apesar de ser diabética.
Adorava estar junto dos três netos, de 15, 29 e 33 anos, e se preparava para ser bisavó. Vivia com a agenda cheia: às sextas, tomava chá com a irmã e uma amiga; às segundas, almoçava com amigas em um restaurante; aos domingos, almoçava com a família. Havia vezes em que as festas de Natal, sempre na casa dela, acabavam só às 7h da manhã.
Não resistiu a um câncer e morreu em 18 de março, aos 88 anos. Deixa três filhos, três netos e uma bisneta.
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