Descrição de chapéu Obituário Nilton Lamas (1950 - 2019)

Mortes: Compositor de 'Entre Tapas e Beijos' trocou a fama por uma vida simples

Leandro e Leonardo ouviram a música cantada por Nilton em uma inauguração de rodoviária

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São Paulo

Primeiro grande sucesso de Leandro e Leonardo, “Entre Tapas e Beijos” foi gravado pela dupla em 1989. Ainda hoje, é difícil achar alguém que não saiba cantar o refrão da música sertaneja. Mas poucos sabem que o compositor é o goianiense Newton Lima da Silva, mais conhecido como Nilton Lamas.

Nascido em 1950 em uma fazenda em Santo Antônio da Barra (na época, distrito de Rio Verde), o artista descobriu o talento musical cedo, quando observava dois dos seus nove irmãos cantarem. Trabalhou desde cedo na roça, mas quando sobrava tempo, dedicava-se ao violão. De ouvido, conseguia tocar as músicas que estouravam nas rádios em 1960.

Cantor Nilton Lamas, vestindo calça jeans, camisa rosa, óculos escuros e sapatos pretos toca violão em um banco.
Nilton Lamas chegou a ficar três meses na estrada para shows, mas sempre voltava para sua cidade natal, no interior de Goiás - Acervo da família

“Aquele menino pegava o violão, sentava na calçada e tocava Roberto Carlos, músicas da Jovem Guarda. Naquele tempo a calçada era mais alta, e o pé dele nem encostava no chão, de tão novinho que era”, recorda Ademar Messias, amigo de infância de Nilton.

Logo começou a fazer a sucesso na região. Antes de começar a se sustentar com a música, foi até motorista de ambulância. Na inauguração da rodoviária de Santo Antônio da Barra, apresentou pela primeira vez “Entre tapas e beijos”. Leandro e Leonardo, que iam se apresentar depois dele, a escutaram.

A música chegou a ser gravada em japonês. Não faltaram convites para que ele se mudasse para São Paulo. “Falavam para ele: ‘com esse estilo seu você arrebenta, vamos para São Paulo com a gente.’ Mas meu pai, por ser aquele paizão de não abandonar os filhos, quis ficar”, afirma Régis Lamas, um dos seus dez filhos.

A vida no interior foi agitada. Viagens para fazer shows eram constantes. Mesmo assim, havia espaço na agenda para os amigos e fãs. “Ou ele estava com a gente ou respondendo alguém no celular. Já aconteceu de eu acordar de madrugada com meu pai cantando. Quando eu ia até o seu quarto, ele falava que estava cantando para um fã que ligou e pediu”, lembra Régis.

Em agosto de 2018, Nilton sofreu um AVC, vinte dias depois da morte de seu irmão gêmeo, Nilson. Desde então, vinha enfrentando problemas de saúde. No dia 25 de março, aos 68 anos, morreu na UTI de um hospital em Rio Verde, por uma infecção generalizada. Deixou dez filhos e 12 netos.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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