Aparecida tem estátua gigante da santa desmontada e abandonada

Não há previsão para instalação da obra de aço, que terá 50 m de altura e foi doada em 2017

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Partes da estátua de Nossa Senhora Aparecida amontoadas em Aparecida Zanone Fraissat/Folhapress

Tânia Campelo
Aparecida (SP)

Da rodovia Presidente Dutra, em Aparecida (a 180 km de São Paulo), é possível ver a cabeça e partes separadas do corpo de uma estátua gigante de Nossa Senhora Aparecida em um morro.

A obra foi doada para o município pelo escultor Gilmar Pinna em 2017, com previsão da prefeitura de ser inaugurada em 12 de outubro naquele ano, no jubileu de 300 anos da santa. Quase dois anos depois,
ainda não há previsão para a instalação do monumento.

Enquanto a obra não fica pronta, é possível ver camisinhas, pinos plásticos como os usados para cocaína e garrafas de bebida jogados ao lado de partes da estátua, o que sugere que o terreno pode estar sendo usado para consumo de drogas e para sexo.

Depois de montada, a estátua, segundo o artista, terá 50 m de altura e ficará envolta pelo contorno do mapa do Brasil, que terá 50 m de largura. Na época, o monumento foi anunciado como maior que o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, que tem 30 m de altura e mais 8 m de pedestal.

De acordo com Pinna, a Prefeitura de Aparecida havia assumido compromisso de pagar os custos da fundação e da logística para montagem, estimados, diz, em R$ 2 milhões —procurada, a prefeitura não
se manifestou sobre o valor.

De acordo com o projeto divulgado em 2017, no entorno da estátua gigante seria construído um centro turístico, que seria batizado de Parque 300 Anos, com restaurante, mirantes e estacionamento.

À época, a via de acesso ao morro era de terra e foi pavimentada pela prefeitura, que investiu cerca de R$ 500 mil. 

Como o terreno público seria pequeno para o projeto, um empresário da cidade doou 12 lotes para serem anexados à área da prefeitura.

Em 2017, a gestão Geraldo Alckmin repassou R$ 379 mil ao município, via Secretaria do Turismo. Católico, Alckmin teve seu primeiro reduto eleitoral na região.

Da verba, R$ 250 mil foram pagos a Pinna por cinco esculturas que representam milagres de Nossa Senhora Aparecida, instaladas em rotatórias da cidade, e o restante para revitalização e reforma dos espaços.

Pinna doou a estátua gigante da santa, feita de aço inoxidável e que tem estrutura em aço carbono, e arcou, com o doador dos lotes, com os custos do transporte até o morro. Agora, o artista diz não ser possível removê-la.

“Quando transportamos pra lá, as peças tinham cerca de 3 m. Eu soldei, deixei tudo pronto para a montagem, agora tem peça de 15 m x 20 m, não passa naquela estrada.”

O projeto ocorreu na gestão de Ernaldo Marcondes (MDB), afastado por liminar na Justiça em junho por supostas fraudes na compra de kits escolares em 2015, investigadas pelo Ministério Público —o que o ex-prefeito negou.

A atual prefeita, Dina Maria Silva (PDT), então vice de Marcondes, não quis dar entrevista sobre a demora.

Afirmou apenas, via assessoria, que está analisando alternativas para viabilizar o projeto.

O secretário de Justiça e Cidadania de Aparecida, Marco Aurélio Piza, afirmou que a doação ainda não foi formalizada, e a documentação encontra-se sob análise.

A reportagem não conseguiu localizar o ex-prefeito.

O Santuário Nacional de Aparecida e a Arquidiocese de Aparecida, da Igreja Católica, informaram que não vão se manifestar por se tratar de questão entre o artista e a Prefeitura de Aparecida.

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