Contador do PCC controlava contas de dentro do presídio, com celular, diz PF

Homem considerado o líder da contabilidade está preso há três anos no interior do Paraná

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Belo Horizonte

A Operação Caixa-Forte, desencadeada nesta sexta-feira (9) pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO) de Minas Gerais, em quatro estados, identificou o responsável pela contabilidade do tráfico de drogas do PCC (Primeiro Comando da Capital) e bloqueou 45 contas usadas para lavar dinheiro do grupo criminoso. 

O homem, que está preso há cerca de três anos em Piraquara (PR), foi identificado como mentor da Geral do Progresso, nome dado ao setor do PCC responsável por contabilizar e lavar o dinheiro do tráfico de drogas. 

Era ele quem fornecia as contas bancárias onde os depósitos deveriam ser feitos e conferia através de dados —data, hora, valores— enviados por aplicativos de mensagem no celular. Segundo a Polícia Federal, ele registrava os dados em tabelas de papel e depois os repassava, por telefone, para assessores que digitalizam tudo fora da cadeia.

“Esses valores eram depositados em depósitos fracionados. Valores depositados em pequenas quantidades, R$20, R$30, R$ 50, que antes de chegar ao montante de R$ 10 mil, eram sacados ou transferidos para outras contas, até que esse dinheiro pudesse chegar à sintonia final do PCC”, diz o delegado Alexsander Oliveira, coordenador da Ficco. 

A “sintonia final” é o escalão mais alto da organização criminosa, abaixo apenas do chefe máximo do PCC, Marco Camacho, o Marcola. A estimativa é que 22 integrantes estejam neste nível do grupo. 

As contas utilizadas para lavagem de dinheiro pertenciam a pais, mães ou cônjuges de integrantes da facção. Depois de sacados, os valores eram depositados em outras contas ou guardados em residências.

A operação conseguiu identificar 45 contas, que movimentaram R$ 7 milhões em nove meses. 

Segundo Oliveira, o valor é pequeno perto do universo de movimentações financeiras do PCC. Só com cocaína, a facção movimenta R$ 5 milhões por semana. Há ainda os valores do tráfico de maconha e crack, não levantados pela operação desta sexta. 

A força-tarefa cumpriu 52 mandados de prisão preventiva em quatro estados  —seis dos alvos já estavam presos, 34 foram encontrados e 12 seguem foragidos. Sete deles foram cumpridos em Minas Gerais, todos na região do Triângulo Mineiro, considerada uma região onde a facção é forte.

Além do chefe do tráfico, que já estava preso em Uberaba (MG), foram presas seis pessoas que tinham contas à disposição do PCC. 

Também foram cumpridos mandados de 48 mandados de busca e apreensão 45 mandados de sequestro de valores e bloqueio de contas, além de Minas Gerais, em São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Ao todo, a força-tarefa operou em 18 cidades. 

A investigação sobre o braço financeiro do PCC teve início em novembro do ano passado, depois que a PF apreendeu o celular do chefe do tráfico da facção em Minas Gerais. Através do telefone dele conseguiram chegar ao “contador”, preso no Paraná. Os nomes dos presos não foram divulgados. 

“A gente objetivou fazer a investigação não só do tráfico de drogas, mas também da parte financeira, da lavagem de dinheiro, porque isso é o que desarticula a facção criminosa. Só prender traficantes, a gente tem visto que não está resolvendo. Seis dos investigados estavam presos e continuaram praticando o tráfico”, explica o delegado. 

A força-tarefa é coordenada pela Polícia Federal e integrada pela Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal e pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais. 

A operação desta sexta, segundo o delegado responsável, não tem relação com a operação desencadeada na última terça-feira, também mirando o núcleo financeiro do PCC. Nela, foram expedidos 30 mandados de prisão e 55 de busca e apreensão.   

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